São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2002

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COMBUSTÍVEIS

Após FHC vetar aumento, presidente da Petrobras diz que quem determina politica comercial da empresa é a própria

Governo volta a ensaiar reajuste da gasolina

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O preço da gasolina vai subir. Ontem, três dias depois de o presidente Fernando Henrique Cardoso ter vetado um reajuste de 2,2% no preço do combustível nas refinarias, o ministro José Jorge (Minas e Energia) e o presidente da Petrobras, Francisco Gros, disseram que serão feitos estudos e que novo reajuste será anunciado.
Gros afirmou que quem manda na política comercial da estatal é a própria Petrobras e que o veto de FHC ao reajuste não caracterizou uma intervenção na companhia. Gros não fixou uma data nem um índice para o reajuste.
"O presidente não disse que a Petrobras não poderia mais fixar preços. Ele não proibiu o aumento. Pediu que fossem estudadas alternativas. A política comercial da Petrobras é de responsabilidade exclusivamente dela."
Segundo o presidente da Petrobras, o que o presidente determinou foi a suspensão do reajuste quando ficou sabendo dele.
Derrubado na sexta por FHC, que ficou sabendo do aumento pela imprensa, o reajuste de 2,2% nas refinarias já havia sido informado aos clientes da Petrobras, à imprensa, ao ministro de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, José Jorge, e ao ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente.
"Estamos num mercado competitivo, e o mais importante para a Petrobras é estar em sintonia com seus competidores. Nossas decisões vão se basear nisso", disse o diretor de abastecimento da Petrobras, Rogério Manso.
Os preços dos combustíveis variam de acordo com o preço do mercado internacional do produto e a cotação do dólar no Brasil.
A Petrobras disse que com o reajuste de 2,2% estaria comprimindo suas margens de lucro.
Motivo: somadas, as altas do dólar e dos preços externos foram de 12,40% desde a queda de 25% nas refinarias, em 20 de dezembro, o que representaria um aumento de 4,7% no Brasil. O aumento de 12,40% não é repassado integralmente no Brasil porque a Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico) não aumentou. Ela é fixada numa parcela fixa de R$ 0,51 por litro.
"Apesar de as condições de mercado permitirem e não perdermos competitividade com isso, a Petrobras optou por um aumento não-integral", afirmou Manso.
Gros afirmou que FHC fez três pedidos à estatal ao vetar o aumento: fazer um esclarecimento à população sobre o novo mecanismo de ajuste de preços dos combustíveis, prestar o mesmo esclarecimento a ele, FHC, e suspender o reajuste buscando alternativas que não comprometessem a rentabilidade da Petrobras.
"É um processo novo [a nova fórmula de reajuste], que não estava claro. Como todos os acidentes, esse foi causado por um encadeamento de fatos", disse.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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