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COLAPSO DA ARGENTINA
Instituição nem espera Orçamento ser aprovado e, em um mês, queima 43% do total que pode emitir no ano
BC argentino acelera a emissão de pesos
FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES
O Banco Central argentino não
esperou nem o Congresso aprovar o Orçamento deste ano e
mandou rodar 1,5 bilhão de pesos, que foram repassados para as
instituições financeiras.
Pelo que prevê o projeto de Orçamento, o BC poderá emitir neste ano 3,5 bilhões de pesos. Isso
significa que o BC já queimou
43% do que poderá -desde que o
Congresso aprove- emitir neste
ano, segundo informação do "El
Cronista". A operação foi realizada entre os dias 14 de janeiro e 15
deste mês.
O secretário de Fazenda, Oscar
Lamberto, afirmou à agência de
notícias Dow Jones que o BC argentino destinaria 2,5 bilhões de
pesos do volume que poderá imprimir para a criação de um fundo destinado a socorrer o sistema
bancário se houver nova corrida
para sacar os depósitos, atualmente presos pelo curralzinho.
Para o Tesouro, restará o outro 1
bilhão de pesos que a entidade
monetária emitirá. Esse volume,
que será repassado para o Tesouro, representa apenas um terço do
déficit nas contas que o governo
espera para todo o ano.
"O que o BC emitiu entrou nos
bancos e começou a sair pelo caixa das agências, devido ao aumento dos saques com a liberação
das contas-salário", afirma o economista Santiago Gallichio, da
consultoria Exante.
Mais dinheiro
O efeito dos empréstimos feitos
pelo BC nas últimas semanas aos
bancos foi o aumento do volume
de dinheiro em circulação na economia argentina, que subiu 1,6 bilhão de pesos no mesmo período.
Analistas do mercado financeiro afirmam que o banco Galícia
deve ter sido o que mais recebeu
ajuda do governo nas últimas semanas. A instituição está entre as
que mais sofreram perdas de recursos desde a corrida bancária
iniciada no fim de novembro do
ano passado, que fez o ex-ministro da Economia Domingo Cavallo bloquear as contas bancárias e
impor um limite de saque semanal que permanece em vigor até
hoje.
O Banco Central uruguaio interveio no banco Galícia localizado no país e suspendeu suas operações por 90 dias, devido à falta
de liquidez da instituição.
A diretoria do banco Galícia teve de desmentir ontem o rumor
de que a instituição seria absorvida pelo Estado.
Há rumores de que a estatização
da instituição estaria sendo discutida pelo ministro da Economia,
Jorge Remes Lenicov, e pelo presidente do Banco Central argentino, Mario Blejer.
O banco Nación, a maior instituição pública do país, absorveria
o Galícia dentro do processo de
reestruturação do sistema bancário estudado pelo governo.
Escalada do dólar
Apesar de as filas nas casas de
câmbio terem sido menores do
que as registradas na semana passada, o preço do dólar fechou em
alta de 2,4%.
Dos poucos negócios realizados, a maioria era de pessoas interessadas em comprar dólares, o
que fez o preço da moeda norte-americana encerrar o dia a 2,10
pesos.
Operadores de tesourarias e casas de câmbio não sentiram a presença do BC no mercado, como
aconteceu na sexta-feira.
Dados preliminares apresentados pelo Ministério da Economia
mostram que a produção industrial no país caiu 18% em janeiro
deste ano em relação ao mesmo
período do ano anterior. Em 2001,
a queda da indústria argentina ficou em 6,2%.
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