São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2002

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Centrais querem ampliação de seguro-desemprego e mais vagas

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do tempo médio na procura por um trabalho, as elevadas taxas de desemprego nas regiões metropolitanas e o alto índice de rotatividade nas empresas levaram três centrais sindicais a pedir a ampliação do seguro-desemprego e mudanças na política de concessão do benefício.
Força Sindical, CGT e SDS entregam amanhã ao Ministério do Trabalho uma proposta emergencial que prevê o pagamento do seguro em até oito parcelas. A verba para o seguro vem do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
"Em 98, as centrais já haviam pedido mudanças na política do seguro por causa do desemprego. Mas a situação se agravou. De 2000 para 2001, o tempo que o desempregado levou na procura por um emprego passou de 46 para 50 semanas na região metropolitana de São Paulo", disse José Silvestre, supervisor técnico do Dieese. O tempo dobrou nessa mesma região de 95 para 2001 -passando de 25 para 50 semanas.
Segundo o Dieese, hoje 39,4% dos desempregados em São Paulo (cerca de 639 mil) nem sequer têm direito ao seguro porque ficam empregados menos de seis meses. Para receber o benefício, é preciso comprovar seis meses de salários nos últimos três anos.
Os sindicalistas também vão pedir a criação de 1 milhão de vagas no país e a obrigatoriedade do recolhimento do FGTS para domésticas. Os empregados domésticos representam 10,2% do total de desempregados em São Paulo, segundo dados de 2001 do Dieese.
A longo prazo, as centrais querem discutir também mudanças estruturais na concessão do seguro. "A aplicação dos recursos do seguro em cursos de qualificação poderiam ajudar a segurar o emprego e evitar a rotatividade. Também queremos o pagamento do seguro por 12 meses", disse o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva.
Por sua assessoria, o ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, disse ontem que só comentará a proposta após analisá-la. Segundo ele, o ministério sempre avaliou "com muito carinho" qualquer proposta apresentada pelas centrais sindicais.
"Desengavetaram um projeto que a CUT fez em 98 e querem fazer uso político disso às vésperas da votação da CLT", disse o presidente da CUT, João Felício.
O seguro é pago ao demitido sem justa causa. Para ter direito, é preciso: comprovar que recebeu salário nos últimos seis meses, ter trabalhado ao menos seis meses nos últimos três anos, não ter renda própria, não estar recebendo benefício da Previdência Social e estar desempregado.



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