São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2002

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MERCADO DE TRABALHO

Sondagem Agropecuária revela que nas pequenas propriedades crescimento foi de 86% em 2001

Empregos aumentam no campo, diz FGV

DA SUCURSAL DO RIO

Se nas grandes metrópoles como São Paulo o desemprego cresce, o mesmo não ocorre no campo, onde o número de trabalhadores nas pequenas propriedades teve aumento expressivo em 2001: 86%.
Estabelecimentos rurais empregaram em 2001, em média, 6,7 pessoas -o maior índice desde 1997. Desse total, 3,6 pessoas por propriedade de terra são empregados familiares -ou seja, parentes dos proprietários- e 3,1 pessoas (não-familiares) são contratadas fora do núcleo familiar. Todos os estabelecimentos pesquisados têm, pelo menos, um familiar do dono trabalhando neles.
Esses dados, que fazem parte de um levantamento exclusivo obtido pela Folha, a Sondagem Agropecuária da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e do Sebrae, são expressivos se comparados aos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mede o emprego nas grandes cidades.
Pelos números do IBGE, o desemprego em 2001 nas seis principais regiões metropolitanas do país foi de 6,2%. A população não-economicamente ativa -os que não estão trabalhando nem procurando emprego- cresceu 6,2%. Enquanto isso, a PEA (População Economicamente Ativa) caiu 0,4%.
Para a FGV, a principal razão para o crescimento do emprego no meio rural é a expansão das lavouras -a safra de grãos cresceu 18,35% em 2001- e a colheita de vários gêneros na época da pesquisa, no último trimestre do ano.
Apesar de não medir a renda do trabalho no campo, a pesquisa dá um importante indicador de que ela é baixa: mais da metade (52%) dos proprietários rurais tem outra fonte de rendimento.
Entre eles, 47% são aposentados e 41% têm outra ocupação fora do estabelecimento rural.
"É certamente um indicador de que a renda no campo é baixa, insuficiente para manter a família. E nos remete à visão clássica das cidades do Nordeste, nas quais as pessoas sustentam suas famílias com a aposentadoria do INSS", disse Régis Alimandro, economista da FGV responsável pela sondagem.
Para o economista, a reforma agrária e os assentamentos do governo não têm nenhuma relação com a ampliação da ocupação no campo.
Por Estados, a maior taxa de pessoal ocupado é em Minas: 8,3 pessoas por estabelecimento. Do total de trabalhadores, 64% são contratados permanentemente e 36%, temporariamente.
Realizada em cinco Estados (São Paulo, Pernambuco, Rio, Goiás e Minas), a sondagem entrevistou produtores, cujas propriedades têm de 10 a 100 hectares (considerados pequenos). (PEDRO SOARES)

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