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45 pessoas tinham chave de contêiner
Halliburton diz que 45 chaves espalhadas entre Santos e Campos davam acesso a notebooks com dados sigilosos da Petrobras
Polícia Federal ouve funcionários da Petrobras, da múlti americana e de transportadora em busca de pistas sobre furto de dados
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ (RJ)
Apesar do governo tratar o
furto de equipamentos da Petrobras como questão de Estado, os dados secretos da estatal
que estavam em quatro notebooks desaparecidos em janeiro entre a bacia de Santos e Macaé (cidade litorânea 188 km ao
norte do Rio) viajavam em um
contêiner que poderia ser aberto por pelo menos 45 pessoas,
detentoras de cópias da chave.
A revelação foi feita à PF (Polícia Federal) pela empresa
americana Halliburton, responsável pelo transporte.
Funcionários da Halliburton
disseram a agentes da PF da
Delegacia de Macaé, onde tramita o inquérito, que existe
uma chave padrão para contêineres como o que levava os
computadores portáteis e outros equipamentos de informática em meio a peças de escritório.
A existência dessa chave padrão, da qual existem 45 cópias
espalhadas pelos pontos de exploração de petróleo nas bacias
de Campos e Santos e nas sedes
brasileiras da Halliburton, tem
o objetivo de agilizar o trabalho
de abertura e fechamento dos
contêineres.
Em vez de uma chave única
viajar de um ponto a outro do
trajeto, acompanhando o contêiner, a empresa prefere usar
cadeados com os mesmos segredos. Isso porque tudo o que
viaja dentro desses contêineres
costuma pertencer à Halliburton. Até mesmo os computadores furtados eram de propriedade da empresa.
O que não se sabe ainda é a
razão de dados considerados
estratégicos sobre a exploração
de petróleo no Brasil estarem
dentro de equipamentos da
multinacional americana em
um contêiner sobre o qual não
foi exercida vigilância nos 12
dias da viagem entre a bacia de
Santos e Macaé, base das atividades desenvolvidas pela Petrobras na bacia de Campos.
O desaparecimento dos notebooks, de dois discos rígidos e
de dois pentes de memória foi
descoberto no dia 30 de janeiro, quando do depósito do contêiner, trazido do porto do Rio
de Janeiro por uma carreta da
transportadora Transmagno,
no pátio da Halliburton no pólo
"off-shore" de Macaé.
Ao tentar abrir o contêiner,
funcionários da empresa notaram que a chave padrão não
abria o cadeado, que era da
mesma marca do original.
Repararam também que o lacre havia sido violado no trajeto. Decidiram então recorrer a
um tesourão e arrebentaram o
cadeado. Dentro do contêiner,
acharam os objetos revirados e
deram falta dos equipamentos
de informática.
A Petrobras foi acionada em
seguida, realizando, durante
um dia inteiro, uma investigação particular.
A PF foi acionada em 1º de fevereiro, véspera do Carnaval,
mas o inquérito só foi aberto
seis dias depois, pela Delegacia
de Macaé.
A presidente do inquérito,
Carla de Melo Dolinski, interrogou ontem quatro homens. O
teor dos depoimentos não foi
divulgado. Os quatro saíram
sem dar entrevistas.
À tarde, a delegada recebeu
um homem que, na recepção,
da delegacia da PF, se identificou como Ernani, chefe de operações da Abin (Agência Brasileira de Inteligências). Quatro
funcionários da Petrobras também foram recebidos por Melo
Dolinski simultaneamente ao
emissário da Abin.
"Qualificados"
A Associação Brasileira dos
Peritos Criminais Federais
afirmou, por meio de sua assessoria, acreditar que o furto do
material envolve ladrões "qualificados" de acordo com informações que informou ter tido
acesso. Em nota divulgada ontem, afirma que o perito Isaac
Morais, responsável pela análise do contêiner furtado, não
deu entrevistas sobre a perícia
e não emitiu opiniões a respeito
das conclusões do trabalho realizado no local.
Ontem, agentes da PF estiveram nas sedes da Halliburton e
da transportadora Transmagnum, em Macaé, ouvindo funcionários e inspecionando os
locais por onde passam os contêineres.
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