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Agrofolha
Itamaraty ameaça levar "disputa da carne" à OMC
"Nas vezes em que foi necessário brigar, também nós brigamos", diz ministro
Chanceler Celso Amorim ressalva, porém, ser melhor "uma solução sem briga" para o veto europeu aos
cortes "in natura" do país
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sinalizou ontem que pode parar na
OMC (Organização Mundial do
Comércio) a briga com a União
Européia sobre as exportações
de carne bovina.
"Vamos examinar, vamos
ver, vamos conversar. Se encontrar uma solução sem briga
é melhor. Agora, nas vezes em
que foi necessário brigar, também nós brigamos", afirmou.
As vendas de carne bovina
para o bloco estão suspensas
desde o dia 1º de fevereiro.
"Temos que agradar o cliente. Se ele pede determinada coisa, a gente tem que tentar fazer,
dentro daquilo que é razoável.
Acho que neste espírito é que a
gente vai procurar uma solução", disse Amorim.
Os fazendeiros não aceitam o
sistema de rastreabilidade dos
bois, criado para evitar fraudes
tributárias e problemas sanitários. Tanto os governos estaduais quanto o Ministério da
Agricultura não conseguem
implementar a regra.
"De qualquer maneira, independentemente do que a gente
possa ter feito ou deixado de fazer é um sistema pesado que,
na realidade, foi criado na Europa em função de problemas
que não existem no Brasil, como o mal da vaca louca", afirmou o chanceler.
Na semana passada, o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) admitiu em audiência
pública no Senado que a resistência dos produtores resultou
na venda de bois não-rastreados para o bloco europeu.
O problema não se limita a
dúvidas sanitárias. Há uma forte pressão de fazendeiros da Irlanda e da Escócia contra a carne brasileira, mais barata.
Tecnicamente, as vendas estão suspensas porque o Brasil
entregou em janeiro uma lista
de fazendas aptas a vender para
a Europa em número muito superior ao esperado pelos europeus. Eles previam cerca de
300 fazendas, mas receberam
2.681 propriedades. Em novo
encontro na semana passada,
Brasil e UE voltaram a discutir
o assunto e uma missão técnica
européia virá ao Brasil na próxima semana para inspecionar
algumas propriedades.
Amorim disse que conversou
com o comissário de Comércio
europeu, Peter Mandelson, no
sábado sobre o assunto e reclamou sobre restrição quantitativa de fazendas.
"A lógica que está por trás
disso, aquilo que acreditamos,
que o Brasil tem capacidade de
fazer, em tal tempo, não é uma
lógica que tem a ver com temas
sanitários. Tem a ver com temas administrativos, isso achamos que não é uma coisa correta", disse Amorim.
Na próxima semana, missão
do bloco visitará fazendas escolhidas aleatoriamente para
checar se conferem os dados
passados pelo governo. Apenas
depois disso é que os europeus
decidirão de quantas e de quais
propriedades vão importar.
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