São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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Queda no comércio de TV é de 50,4%
Venda da indústria cai 24% em janeiro

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

Depois de um aumento acumulado de137% no Plano Real, considerando os meses de janeiro, as vendas de eletroeletrônicos desabaram no início de 1998.
A indústria vendeu em janeiro deste ano, em unidades, 24,06% a menos, em média, do que em igual mês do ano passado, informa a Eletros, que reúne os fabricantes.
A maior queda foi registrada pelo setor de áudio e vídeo, de 33,85%. A venda de eletrodomésticos caiu 15,41%.
O mês passado foi para o setor o pior janeiro do Real. Somente a venda de eletroportáteis, puxada pelos condicionadores de ar, cresceu no período (20,07%).
As altas taxas de juros, o desemprego e a inadimplência são apontados pelos fabricantes como os principais motivos da retração nas vendas. Eles lembram ainda que janeiro de 1997 foi um mês bom. Assim, já era prevista essa queda.
Em pleno ano de Copa do Mundo, o que chega a surpreender é a redução na venda de televisores. Em janeiro deste ano, a queda foi de 50,4% em relação a igual período de 1997.
"A indústria fez uma previsão muito otimista de venda para o ano passado, o que acabou não se concretizando. Assim, já prevíamos um janeiro bem fraco", afirma Affonso Brandão Hennel, presidente do conselho de administração da Semp Toshiba.
Calcula-se que a indústria e o comércio entraram em 1998 com 2 milhões de produtos de áudio e vídeo em estoque. Com as férias coletivas de dezembro e janeiro, dizem os fabricantes, o volume de mercadorias já diminuiu nos armazéns.
A Gradiente, por exemplo, parou por 60 dias a produção da sua linha de áudio. "Os estoques já estão ajustados", afirma Victor Leal Jr., diretor.
As previsões de vendas para este ano estão bem mais conservadoras, o mercado de televisores deve chegar a 6,5 milhôes de unidades, 17% menor do que o de 1997, prevê Flávio Penna, diretor da Samsung.
Neste mês, diz Hennel, o ritmo de encomendas do comércio continua parecido com o de janeiro. "Esperamos que a partir de março haja recuperação nas vendas e nos preços."
O comércio ainda não sentiu retomada do consumo. Uma pesquisa feita pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo mostra que 60% dos comerciantes paulistas venderam na primeira quinzena deste mês menos do que em igual período de 1997. Em média, a queda foi de 20% no período.
"Fevereiro está sendo um mês bem difícil. Pode ser que as liquidações tragam mais movimento", diz Mônica Hage, economista da federação.
Além do fraco consumo, diz ela, a inadimplência está preocupando os lojistas. Para 12% dos consultados, o atraso no pagamento dos carnês representa 12% do faturamento. Para 57% deles, chega a 2%.



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