São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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CUSTO DE VIDA
Queda geral de preços será a primeira nesta época do ano desde janeiro de 1942; fevereiro já registra -0,04%
Fipe espera deflação neste trimestre

MAURO ZAFALON
da Redação

Todo primeiro trimestre costuma ser um período de pressões inflacionárias, mas neste ano está sendo diferente. São Paulo deverá registrar a primeira deflação nesse período desde janeiro de 1942, quando os preços recuaram 0,58%.
A taxa divulgada ontem pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), referente à segunda quadrissemana de fevereiro, já começa a indicar deflação: -0,04%.
Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que essa deflação espelha as altas taxas de juros -classificadas por ele como "dinossáuricas, ou seja, de peso"-, a forte concorrência vivida pelo comércio e a renda estável dos consumidores.
O economista da Fipe diz ainda que a própria estabilidade econômica favorece essa redução de preços. O consumidor está memorizando os valores e não aceita reajustes. A saída para as lojas e indústrias é fazer promoções.
A queda na taxa de inflação neste início de ano se deve, ainda, a uma antecipação de alguns reajustes de preços no final do ano passado. Esses aumentos ocorreram principalmente no setor de hortifrútis, tradicionalmente um dos principais itens de pressão no início de ano.
Serviços
Os aumentos menores no setor de serviços, onde sempre ocorriam reajustes na virada do ano, também estão impedindo a evolução da taxa inflacionária.
Os aluguéis, por exemplo, que lideraram os aumentos no Plano Real, com alta acumulada de 585%, acentuaram a tendência de queda na segunda quadrissemana de fevereiro (-0,17%). Em janeiro passado já havia caído: -0,07%.
A tendência para os próximos meses, segundo Heron do Carmo, é de novas quedas do item aluguel, já que os preços alcançaram patamares muito elevados e os inquilinos deixaram de ter aumentos de renda.
Enquanto isso, os custos dos serviços pessoais (alfaiate, tintureiro etc.) voltaram a cair neste mês (-0,05%). Em janeiro, tinham caído 0,52%.
O setor de vestuário, onde a tendência de queda de preços deve se intensificar com a entrada da temporada de liquidações nos shopping centers, também está contribuindo para essa deflação no trimestre. A tendência de queda no setor ocorre desde o início de Plano Real, que passa por fortes reajustes, diz Heron do Carmo.
A taxa de inflação vai ser aliviada, ainda, pela chegada da safra agrícola a partir das próximas semanas., o que deve segurar mais os preços dos alimentos, que subiram 0,5% na segunda quadrissemana de fevereiro, contra aumento de 1,01% em janeiro.
O tamanho da deflação do primeiro trimestre depende do comportamento dos preços de vestuário e de alimentos, diz Heron do Carmo. Em janeiro, a taxa de inflação foi de 0,24%, abaixo do 1,23% do mesmo mês de 97.
Para este mês, o economista da Fipe prevê recuo de 0,10% a 0,20%. No primeiro trimestre de 1997, a inflação acumulada foi de 1,45%.

Carnaval
A pesquisa da Fipe mostra que o Carnaval chega com quedas de preços, até mesmo nos produtos mais consumidos e que, tradicionalmente sobem neste período, como as bebidas.
O último levantamento da Fipe mostrou que os preços das bebidas alcoólicas caíram 0,44% nos últimos 30 dias até 14 de fevereiro. A principal queda ocorreu nos preços da cerveja, que ficou 0,71% mais barata para os consumidores paulistanos. Já as bebidas não-alcoólicas registraram aumento médio de 0,14% no período. Alguns produtos, como sucos de frutas , estão com queda de até 3,4%.



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