São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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BANCOS
Novo proprietário da instituição fará adequação às normas determinadas pelo Banco Central
CGD irá injetar R$ 200 mi no Bandeirantes

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

A Caixa Geral de Depósitos, maior banco português, terá que injetar, no mínimo, R$ 200 milhões para reequilibrar as contas do Banco Bandeirantes ao assumir o seu controle acionário.
A informação foi dada à Folha pelo principal executivo da CGD no Brasil Antonio Almeida Porto. Segundo ele, o Bandeirantes está muito alavancado, ou seja, está girando um volume de negócios muito grande para o seu capital.
"Esse foi um dos motivos que levou o atual acionista controlador a querer vender o controle do banco. Havia necessidade de aumentar o capital e ele não tinha os recursos", diz Porto.
O executivo diz que hoje o Bandeirantes está no limite dos índices de solvência permitidos pelo Banco Central.
De acordo com ele, o banco está fora do novo índice de solvência para a área de crédito, definido pelo BC em novembro de 97 e que passa a valer em março. A nova regra determina que o capital próprio do banco deve lastrear 11% das operações de crédito.
A carteira de crédito do Bandeirantes ainda está sob análise da CGD, mas Almeida Porto adianta que terá de ser feito um aumento das provisões para créditos duvidosos. "A Caixa Geral de Depósitos é muito conservadora."
Todas os ajustes feitos pela CGD no Bandeirantes só deverão aparecer no balanço do primeiro trimestre de 98. "O balanço de dezembro de 97 ainda é de responsabilidade do atual controlador", diz o executivo.
A CGD anunciou em janeiro a assinatura de um compromisso de compra do controle do Bandeirantes, do banqueiro Gilberto de Andrade Faria. O negócio deve ser finalizado até 31 de março, data limite para que ocorra também o aumento de capital.
De acordo com o executivo, o aumento de capital não só reenquadrará o banco em padrões de operação considerados mais seguros, como também será suficiente para sustentar os planos de expansão da instituição no país.
"Queremos que o Bandeirantes ofereça qualidade e segurança aos clientes", diz ele.
Hoje, a CGD ainda não controla o Bandeirantes, detém apenas 25% do seu capital. Outros 54,27% serão transferidos à instituição portuguesa quando chegarem ao fim as auditorias que estão sendo conduzidas pela Arthur Andersen.
As auditorias têm por finalidade verificar toda a contabilidade do banco.
Almeida Porto negou que a CGD já tenha pago uma parcela ao banqueiro Gilberto Faria.
Segundo ele, a Arthur Andersen apresentará uma proposta de preço, que será analisada pela consultoria contratada pelos atuais controladores, a KPMG.
"Se, eventualmente, não houver um consenso, nomearemos um árbitro para definir o preço. Isso está no contrato", diz Porto.



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