São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Índice

MERCADO FINANCEIRO
Mercado errou no caso Cesp, diz Bozano

da Reportagem Local

A suspensão dos negócios das ações da Cesp determinada ntem pela Bovespa foi mais um lance no embate entre o governo do Estado e os investidores em torno do modelo de privatização da empresa.
Poucos acreditam que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), se essa for mesmo sua intenção, consiga impedir a subscrição dos papéis da Elektro, a subsidiária de distribuição que será criada com a privatização. Mas mostra mais uma vez que o modelo escolhido pelo governo ainda causa muita apreensão, desinformação e descontentamento no mercado.
Uma das exceções é o analista do banco Bozano, Simonsen Alexandre Fernandes. Para ele, investidores e acionistas minotirários exageraram na reação ao modelo de privatização.
"Em nenhum momento, antes do anúncio da criação da Elektro, eu ouvi dizer que o modelo adotado seria diferente", afirma.
Segundo ele, a opção pela subsidiária integral parecia clara, mas a reação do mercado foi como se a notícia caísse como uma bomba: o valor de Cesp ON despencou cerca de 43% nos últimos dois meses.
Fernandes considera que se os minoritários teriam mais prejuízo se a empresa optasse pela simples cisão da empresa, já que a Cesp, nesse caso, não embolsaria nenhum prêmio com a venda da empresa que surgisse de sua divisão.
O analista fez uma projeção do preço do lote de mil ações em três casos. Caso só o governo faça a subscrição das ações da Cesp, o valor ideal do lote seria de R$ 74. Se todos os acionistas subscreverem, o preço é de R$ 71. Se ocorresse a cisão, o lote valeria R$ 63,74. "Os minoritários iriam perder muito mais."
Mitsuko Kaduoka, da corretora Comercial, acha que, entre subscrever e cindir, a primeira opção era melhor, mas vê ainda alguns problemas no modelo escolhido.
Um deles é o fato de os investidores estrangeiros, que compraram ADR"s (os recibos de depósitos bancários negociados como ações na Bolsa de Nova York), não poderem subscrever suas ações.
"Muita gente pode perder dinheiro com esses entraves."
Outro problema, segundo ela, foi a demora do governo em explicar o modelo, o que contribuiu para a forte desvalorização dos papéis. "A demora em esclarecer os investidores causou apreensão" (SL)



Texto Anterior | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.