São Paulo, domingo, 19 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA DA GASOLINA
Em um ano, participação das novas empresas na compra de gasolina subiu de 22% para 31%
Múlti reclama de concorrência desleal

da Reportagem Local

De janeiro a dezembro de 99, a participação das novas empresas na retirada de gasolina pura das refinarias brasileiras subiu de 22,3% para 31,3%, segundo o Sindicom, sindicato que reúne as distribuidoras tradicionais.
Esse crescimento tão rápido das novas empresas, na opinião das distribuidoras tradicionais, se deve ao comércio de combustível mais barato, devido às vantagens fiscais e ao produto adulterado.
A Shell, anglo-holandesa, diminuiu seu negócio no país e vai continuar encolhendo. A matriz não gostou do prejuízo de R$ 13 milhões que a empresa registrou no país em 99. "É resultado da concorrência desleal", diz Motta.
A empresa acaba de vender 285 postos para a italiana Agip e deve continuar a se desfazer de postos. Em São Paulo serão centenas. Até recentemente tinha 4.000 postos. "Vamos encolher. Estamos mais preocupados com a sobrevivência do que com market share."
As liminares concedidas para o não pagamento de PIS e Cofins pode dar vantagem de 8% no preço da gasolina para o consumidor, calcula o Sindicom, o sindicato das distribuidoras tradicionais.
Num setor em que a margem da distribuidora e do posto está na casa de centavos, dizem elas, pequena redução de preço significa grande perda no faturamento.
A Esso informa que a margem de ganho da distribuidora deveria ser de no mínimo R$ 0,05 a R$ 0,06 por litro e que hoje não passa de R$ 0,04. Também chega a vender a preço abaixo de custo em alguns postos, especialmente em São Paulo, onde está concentrada a indústria de liminares.
"A matriz nos Estados Unidos está atônita com o que acontece no Brasil", afirma Istvan Vamos, vice-presidente da Esso. A multinacional teve prejuízo de dezenas de milhões de reais (o valor não foi revelado) no Brasil em 99.
A distribuidora, diz, continua com o mesmo número de postos -cerca de 2.700-, mas sabe que muitos estão comprando gasolina de outras distribuidoras -especialmente das que têm liminares e vendem mais barato.

Perda de fatia
De 98 para 99, a Esso perdeu um ponto percentual de participação de mercado, de 13% para 12%. "Isso é muito, significa deixar de vender 500 milhões de litros de combustível gasolina."
Esse mercado em alvoroço levou a Esso a frear os investimentos no país. A empresa reserva para este ano no Brasil investimento de R$ 170 milhões para manter seus negócios, 15% a menos do que no ano passado e 32% a menos do que em 98. "Esses valores vão diminuir até que esse mercado volte a operar em condições iguais para todos."
A Texaco, de origem norte-americana, está no mesmo caminho. Os investimento para este ano será de R$ 50 milhões, 37,5% menor do que em 99 e 61,5% menor do que em 98.
A distribuidora está preocupada com a queda de vendas ocorrida em 99. Até 98, ela detinha 11,7% do mercado de combustível (diesel, álcool e gasolina). Em dezembro de 99 terminou com uma fatia de 10,7%. Só no comércio de gasolina a participação caiu de 11,1% para 8,6% em um ano.
A Texaco vendia 650 milhões de litros por mês, entre gasolina, álcool e diesel. Agora comercializa 510 milhões de litros.
O Brasil, informa Nelson Ribas, vice-presidente de marketing da empresa, já representou 10% dos negócios da distribuidora no mundo. Agora, 5% a 6%.
"Estamos achando, por enquanto, que essa é uma fase de transição e que esse mercado vai se disciplinar." (FF)




Texto Anterior: Luís Nassif: O homem que serenou
Próximo Texto: MP pode inibir indústria de liminares
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.