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GUERRA DA GASOLINA
Em um ano, participação das novas empresas na compra de gasolina subiu de 22% para 31%
Múlti reclama de concorrência desleal
da Reportagem Local
De janeiro a dezembro de 99, a
participação das novas empresas
na retirada de gasolina pura das
refinarias brasileiras subiu de
22,3% para 31,3%, segundo o Sindicom, sindicato que reúne as distribuidoras tradicionais.
Esse crescimento tão rápido das
novas empresas, na opinião das
distribuidoras tradicionais, se deve ao comércio de combustível
mais barato, devido às vantagens
fiscais e ao produto adulterado.
A Shell, anglo-holandesa, diminuiu seu negócio no país e vai
continuar encolhendo. A matriz
não gostou do prejuízo de R$ 13
milhões que a empresa registrou
no país em 99. "É resultado da
concorrência desleal", diz Motta.
A empresa acaba de vender 285
postos para a italiana Agip e deve
continuar a se desfazer de postos.
Em São Paulo serão centenas. Até
recentemente tinha 4.000 postos.
"Vamos encolher. Estamos mais
preocupados com a sobrevivência do que com market share."
As liminares concedidas para o
não pagamento de PIS e Cofins
pode dar vantagem de 8% no preço da gasolina para o consumidor, calcula o Sindicom, o sindicato das distribuidoras tradicionais.
Num setor em que a margem da
distribuidora e do posto está na
casa de centavos, dizem elas, pequena redução de preço significa
grande perda no faturamento.
A Esso informa que a margem
de ganho da distribuidora deveria
ser de no mínimo R$ 0,05 a R$
0,06 por litro e que hoje não passa
de R$ 0,04. Também chega a vender a preço abaixo de custo em alguns postos, especialmente em
São Paulo, onde está concentrada
a indústria de liminares.
"A matriz nos Estados Unidos
está atônita com o que acontece
no Brasil", afirma Istvan Vamos,
vice-presidente da Esso. A multinacional teve prejuízo de dezenas
de milhões de reais (o valor não
foi revelado) no Brasil em 99.
A distribuidora, diz, continua
com o mesmo número de postos
-cerca de 2.700-, mas sabe que
muitos estão comprando gasolina
de outras distribuidoras -especialmente das que têm liminares e
vendem mais barato.
Perda de fatia
De 98 para 99, a Esso perdeu um
ponto percentual de participação
de mercado, de 13% para 12%.
"Isso é muito, significa deixar de
vender 500 milhões de litros de
combustível gasolina."
Esse mercado em alvoroço levou a Esso a frear os investimentos no país. A empresa reserva para este ano no Brasil investimento
de R$ 170 milhões para manter
seus negócios, 15% a menos do
que no ano passado e 32% a menos do que em 98. "Esses valores
vão diminuir até que esse mercado volte a operar em condições
iguais para todos."
A Texaco, de origem norte-americana, está no mesmo caminho. Os investimento para este
ano será de R$ 50 milhões, 37,5%
menor do que em 99 e 61,5% menor do que em 98.
A distribuidora está preocupada com a queda de vendas ocorrida em 99. Até 98, ela detinha
11,7% do mercado de combustível
(diesel, álcool e gasolina). Em dezembro de 99 terminou com uma
fatia de 10,7%. Só no comércio de
gasolina a participação caiu de
11,1% para 8,6% em um ano.
A Texaco vendia 650 milhões de
litros por mês, entre gasolina, álcool e diesel. Agora comercializa
510 milhões de litros.
O Brasil, informa Nelson Ribas,
vice-presidente de marketing da
empresa, já representou 10% dos
negócios da distribuidora no
mundo. Agora, 5% a 6%.
"Estamos achando, por enquanto, que essa é uma fase de
transição e que esse mercado vai
se disciplinar."
(FF)
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