São Paulo, terça-feira, 19 de março de 2002

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EUA já relacionam terror e pobreza

MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY

Os EUA desfilam em Monterrey um novo discurso sobre a conexão entre pobreza e terrorismo. Contrariamente à posição defendida pela Casa Branca desde os atentados de 11 de setembro, a delegação norte-americana no México reconhece que os países pobres podem se tornar "paraísos para terroristas" e que a estabilidade geopolítica depende do bem-estar financeiro e comercial dos países emergentes.
John Negroponte, embaixador dos EUA na ONU (Organização das Nações Unidas), e Alan Larson, subsecretário de Estado norte-americano para assuntos econômicos, negaram que tenha havido mudança de opinião, mas admitem "mudança de ênfase".
"Nossa opinião continua a mesma", disse Larson. "Mas reconheço a importância de darmos mais ênfase ao assunto." Segundo Negroponte, os "EUA continuam achando que uma pessoa não perde seu código moral e seu caráter pelo fato de ser pobre, mas sabemos que um país extremamente pobre pode ser controlado por organizações terroristas".
Ambos insistem em que os EUA nunca negligenciaram a pobreza, apesar da prioridade que deram ao combate militar ao terrorismo. Também negam que a única política pró-ativa dos EUA para o continente americano seja caçar narcotraficantes e terroristas.
Larson rejeita a idéia de que o governo norte-americano tenha contribuído para a destruição da economia argentina com exigências rigorosas e atrapalhado a vida dos países emergentes com a restrição às importações de aço. "O problema da Argentina foi o de um modelo cambial equivocado", disse. "Quanto ao aço, poupamos os países em desenvolvimento."
Larson reconhece que o atual nível de ajuda dos EUA e da Europa aos países mais pobres é insuficiente. E, para provar a importância dada pela Casa Branca ao combate à pobreza, lembrou que o presidente George W. Bush propôs, na semana passada, ampliar em US$ 5 bilhões, em três anos, a ajuda do país aos desfavorecidos. Os EUA se comprometeram a atingir nível mínimo de 0,7% de seu PIB em ODA (Assistência Oficial ao Desenvolvimento). Mas não há prazo para que isso ocorra.



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