São Paulo, terça-feira, 19 de março de 2002

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FHC fará falta em Monterrey, diz mexicano

DO ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY

Fernando Henrique Cardoso fará falta na Conferência de Monterrey sobre o Financiamento ao Desenvolvimento. Palavra de Jorge Castañeda, o chanceler mexicano.
Pode parecer mera gentileza de colega de profissão (Castañeda, como FHC, é sociólogo). Mas é, antes de tudo, a expressão mais diplomática possível da frustração do governo do México com a ausência do presidente brasileiro, um dos 59 chefes de Estado/governo que originalmente confirmara a participação no evento promovido pelas Nações Unidas.
A Folha perguntou a Castañeda se ele estava decepcionado com o não-comparecimento de FHC. O chanceler saiu pela tangente: "Jamais usaria a palavra decepção para me referir a um amigo e a um líder de grande prestigio internacional como Fernando Henrique Cardoso", disse.
Mas as autoridades mexicanas não escondem que gostariam de ter o maior número possível de governantes em Monterrey, para dar brilho a uma conferência que é também um exercício de afirmação internacional do México.
Além disso, a presença de FHC seria importante para o que Castañeda batizou de "chuva de idéias", a ocorrer em tese na sexta-feira, dia de encerramento da Cúpula.
Nesse dia, os governantes serão levados pelo anfitrião, o presidente mexicano Vicente Fox, para o que está sendo chamado de "retiro", no qual trocarão livremente idéias sobre os temas da Conferência, que a rigor são todos os que dizem respeito ao desenvolvimento.
Embora "financiamento ao desenvolvimento", o tema central, dê idéia de que vai se discutir apenas como os países ricos podem ajudar os demais a se desenvolver, o fato é que a agenda é mais ampla: vai de comércio internacional à dívida externa, passa pela corrupção como freio ao desenvolvimento e pela reforma do sistema financeiro internacional.
São todos temas que FHC tem tratado em suas visitas ao exterior, com razoável sucesso. No domingo, por exemplo, o escritor mexicano Carlos Fuentes derreteu-se em elogios ao discurso de FHC na Assembléia Nacional da França, em artigo para um jornal local.
Fuentes escreve que, nesse "extraordinário" discurso, FHC "deu as pautas" para o que tanto o presidente como Fuentes chamam de "globalização solidária". Tais temas reaparecem agora no "Consenso de Monterrey", o documento final da conferência, mas de forma muito aguada. (CR)


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