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Taxa de transporte marítimo de mercadorias para a região passa de 6% para 8% do valor do produto
Conflito encarece frete para Oriente Médio
LÁSZLÓ VARGA
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A iminência de uma guerra dos
Estados Unidos contra o Iraque
começa a afetar os negócios dos
exportadores e importadores brasileiros que fazem negócios com o
Oriente Médio. O preço do frete
marítimo das mercadorias que
vão para a região aumentou 30%
desde janeiro, pois armadores cobram mais para transportar em
regiões perigosas.
"A participação do frete no preço final da mercadoria enviada ao
Oriente Médio aumentou de 6%
para 8% a 9% nos últimos três
meses", afirmou ontem José Augusto de Castro, diretor da AEB
(Associação do Comércio Exterior do Brasil).
Um navio de transporte de mercadorias custa entre US$ 50 milhões e US$ 80 milhões. Os armadores cobram mais pelo seu patrimônio ao transitar em zonas de
risco de conflito. Mas o preço do
seguro dos navios ainda não teria
aumentado, segundo representantes de armadores.
O Oriente Médio respondeu no
ano passado por 3,51% das exportações brasileiras. A Arábia Saudita, por exemplo, comprou carne
bovina e de frango congeladas,
minério de ferro, farelo de soja,
chassis com motor e carrocerias
de automóveis, açúcar e papel, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Há o risco de que o preço do frete marítimo aumente também para todas as regiões do mundo, devido à demanda que os Estados
Unidos têm feito por navios que
transportam caminhões militares, tanques e armas. Castro, no
entanto, considerou essa hipótese
pouco provável. "Nos últimos dez
anos a oferta de navios aumentou,
devido à redução do comércio
mundial. Há navios sobrando."
Segundo Castro, o aumento da
oferta de navios teria baixado a
participação do frete no preço final das mercadorias de 10% para
6% nos últimos dez anos. O
Oriente Médio seria uma exceção
agora, devido ao acirramento das
tensões nos últimos meses.
Alta do combustível
O economista Roberto Giannetti da Fonseca, sócio da empresa de
exportação e importação Silex e
ex-secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex),
disse, no entanto, que alguns armadores já estão cobrando mais
pelo transporte de mercadorias,
mesmo para aquelas que não são
enviadas para o Oriente Médio.
"Houve aumentos de 10% nos
fretes, que representam alta de 1%
no preço final do produto", disse
Giannetti. Segundo ele, as Forças
Armadas dos EUA têm demandado muitos navios, antes usados
para comércio. "E os armadores
que têm navios que circulam no
Golfo vão cobrar mais, pois as
embarcações podem ser atingidas
por mísseis mal direcionados."
Para o gerente comercial da empresa de navios Hamburg SUD no
Brasil, Cyro Marcondes, os preços
dos fretes aumentaram cerca de
20% nos últimos três meses, mas
devido à alta do petróleo. O fato
estaria só relacionado indiretamente com a provável guerra no
Golfo.
"A taxa de combustível sobre o
preço do frete triplicou desde janeiro, devido à alta do petróleo",
disse Marcondes. A alta foi provocada pelas tensões entre EUA e
Iraque. "Isso não teve relação com
supostos riscos de navegação durante uma guerra."
O valor da taxa de combustível
para contêineres transportados
do Brasil para os EUA, por exemplo, passou em média de US$ 150
para US$ 400. Segundo o especialista Samir Keedi, da consultoria
Aduaneiras, um navio de transporte de mercadorias consome
cerca de 30 toneladas de óleo
combustível por dia.
Armadores e especialistas em
comércio exterior prevêem, no
entanto, que uma alta generalizada dos preços dos fretes e dos seguros dos navios somente ocorreria se a possível guerra no Golfo
fosse prolongada e as rotas das
embarcações afetadas pelo conflito. "Mas isso não aconteceu na
Guerra do Golfo", afirmou Castro, da AEB.
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