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AVIAÇÃO
Perdas podem ser de US$ 13 bi
Aéreas temem prejuízo dobrado e mais falências
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
A guerra com o Iraque pode até
dobrar o prejuízo, já grande, estimado para as companhias aéreas
dos EUA neste ano e abrir a temporada de falências no setor.
A previsão aparece em dois relatórios divulgados ontem -um
da Air Transport Association, que
reúne as empresas do setor, e outro da Merrill Lynch.
Inicialmente, o rombo estava
estimado em US$ 6,4 bilhões ou
US$ 6,7 bilhões, de acordo com
uma e outra previsão. Com o ataque, pode saltar para até US$ 13
bilhões, numa indústria já combalida pelas perdas estimadas em
US$ 18 bilhões desde os ataques
terroristas em 11 de setembro de
2001.
"A indústria aérea é a mais atingida por uma guerra", aponta Michael Linenberg, da Merrill
Lynch. "A procura por viagens internacionais vai diminuir ainda
mais, e o preço dos combustíveis
e o custo dos seguros vão subir."
Até o governo americano engrossou o coro do pessimismo.
Em seu relatório anual, a FAA
(Federal Aviation Administration), órgão responsável pela
aviação na administração federal,
disse ontem que a guerra poderá
afetar sua previsão de recuperação das companhias aéreas neste
ano.
O pior, porém, é que essa previsão já era ruim. O retorno aos níveis de passageiros transportados
antes do 11 de setembro, previsto
inicialmente para o ano que vem,
tinha sido adiado, no cenário anterior à guerra, para 2005 ou 2006.
Em Genebra (Suíça), a Iata, associação mundial das empresas
aéreas, disse que sua previsão é de
queda de 15% a 20% no movimento de passageiros por causa
do conflito no Iraque.
"Há sério risco de um quadro
caótico no setor, e a perspectiva
de uma nacionalização forçada da
indústria não é irreal", diz o relatório da Air Transport Association, que tenta arrancar verbas do
governo para ajudar na reestruturação das companhias.
Ontem, ao menos, ouviu uma
declaração favorável do secretário
americano de Transporte, Norman Mineta -ele afirmou que o
governo estará pronto para ajudar rapidamente se preciso.
Segundo a associação, a penúltima elevação do nível de alerta terrorista nos EUA, no mês passado,
derrubou em 20% o nível de reservas, mesmo com as tarifas no
menor preço em 15 anos.
No cenário que consideram
mais provável hoje, já levando em
conta um ataque ao Iraque, as
companhias americanas prevêem
um ano com perdas de US$ 10,7
bilhões, o fim de 2.200 vôos e 70
mil demissões.
As maiores fontes de preocupação, no momento, são a United
Airlines e a US Airways Group, já
operando em condições de concordata, além da American Airlines, maior transportadora do
mundo, também no vermelho.
A primeira Guerra do Golfo, em
1991, levou à liquidação de quatro
companhias, uma delas a Pan
American. A diferença, dizem as
empresas, é que o setor estava
muito mais sólido no início daquele conflito do que agora.
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