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INVESTIMENTOS PARADOS
Aprovações de novos projetos também caíram; para banco, queda reflete incertezas e transição
Consultas de crédito caem 70%, diz BNDES
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
As consultas para novos financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) caíram 70%, em
valor, no primeiro bimestre deste
ano em relação ao mesmo período do ano passado. As aprovações
de novos projetos caíram 66,6%.
Para o banco, a queda das aprovações está ligada a um problema
transitório de reestruturação de
seu comando, enquanto a queda
nas consultas resulta da conjuntura econômica desfavorável.
O BNDES pretende negociar
com o governo um aporte de recursos para que os empréstimos
deste ano possam superar os R$
31,4 bilhões de 2002.
De acordo com Marcelo Nardim, chefe do Departamento de
Planejamento do banco estatal, a
queda de 70% nas consultas, que
ficaram em R$ 3,475 bilhões em
janeiro e fevereiro deste ano, contra cerca de R$ 10 bilhões no mesmo período do ano passado, reflete uma posição de expectativa dos
empresários. "Está todo mundo
com as barbas de molho", disse.
Preocupante
Embora entenda que a situação
é preocupante, Nardim afirmou
que os números, que vêm caindo
desde outubro de 2002, refletem a
situação conjuntural. O quadro
de inflação e juros altos do primeiro bimestre, combinado com
a expectativa de guerra no Oriente
Médio, teria feito com que os empresários adotassem uma posição
defensiva. "O capital é sempre
muito cauteloso", afirmou.
Nesse quadro, segundo Nardim, a empresa opta por colocar
uma ou duas novas máquinas nas
instalações já existentes, em vez
de partir para a construção de
uma nova fábrica.
Tanto que, de acordo com o técnico, a queda nas consultas para
empréstimos diretos, os de grande porte, não está sendo acompanhada por redução nos pedidos
de empréstimos indiretos (via rede de bancos). Os financiamentos
indiretos, de menor porte, são
aqueles destinados a modernizações ou a pequenas expansões do
maquinário.
Reestruturação
Em relação à queda de 66,6%
nas aprovações de novos financiamentos, que passaram de R$
7,116 bilhões para R$ 2,379 bilhões, Nardim disse que ela reflete
um momento transitório de reestruturação do banco.
Além da mudança de diretoria
ocorrida em janeiro, o banco fez
uma grande reformulação nos
seus cargos de comando. "Há
uma queda de ritmo natural", disse o técnico, afirmando que só
neste mês é que os trabalhos estão
retomando o ritmo normal.
Já os desembolsos, que refletem
as liberações de recursos para
contratos já aprovados, mantiveram no primeiro bimestre deste
ano praticamente o mesmo ritmo
do ano passado, alcançando R$
3,45 bilhões (R$ 3,44 bilhões em
janeiro e fevereiro de 2002).
Os valores, tanto deste ano
quanto do ano passado, estão expurgados dos repasses feitos às
empresas de energia elétrica a título de antecipação de receita para cobrir déficits do período de racionamento (junho de 2001 a fevereiro de 2002).
Esses recursos não saem do orçamento do BNDES, mas direto
do Tesouro Nacional. Em janeiro
e fevereiro de 2002 eles somaram
R$ 914 milhões e no mesmo período deste ano, R$ 378 milhões.
A atual direção do BNDES pretende recorrer ao Ministério da
Fazenda para tentar obter recursos extras.
O objetivo é fazer com que o total de empréstimos deste ano supere os R$ 31,4 bilhões do ano
passado.
Segundo Nardim, as dificuldades de captação no mercado externo comercial e as limitações
das fontes internas -basicamente, 40% do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)-, exigem
que o banco busque fontes alternativas para ampliar os empréstimos.
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