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São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2003

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INVESTIMENTOS PARADOS

Aprovações de novos projetos também caíram; para banco, queda reflete incertezas e transição

Consultas de crédito caem 70%, diz BNDES

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

As consultas para novos financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) caíram 70%, em valor, no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. As aprovações de novos projetos caíram 66,6%. Para o banco, a queda das aprovações está ligada a um problema transitório de reestruturação de seu comando, enquanto a queda nas consultas resulta da conjuntura econômica desfavorável.
O BNDES pretende negociar com o governo um aporte de recursos para que os empréstimos deste ano possam superar os R$ 31,4 bilhões de 2002.
De acordo com Marcelo Nardim, chefe do Departamento de Planejamento do banco estatal, a queda de 70% nas consultas, que ficaram em R$ 3,475 bilhões em janeiro e fevereiro deste ano, contra cerca de R$ 10 bilhões no mesmo período do ano passado, reflete uma posição de expectativa dos empresários. "Está todo mundo com as barbas de molho", disse.

Preocupante
Embora entenda que a situação é preocupante, Nardim afirmou que os números, que vêm caindo desde outubro de 2002, refletem a situação conjuntural. O quadro de inflação e juros altos do primeiro bimestre, combinado com a expectativa de guerra no Oriente Médio, teria feito com que os empresários adotassem uma posição defensiva. "O capital é sempre muito cauteloso", afirmou.
Nesse quadro, segundo Nardim, a empresa opta por colocar uma ou duas novas máquinas nas instalações já existentes, em vez de partir para a construção de uma nova fábrica.
Tanto que, de acordo com o técnico, a queda nas consultas para empréstimos diretos, os de grande porte, não está sendo acompanhada por redução nos pedidos de empréstimos indiretos (via rede de bancos). Os financiamentos indiretos, de menor porte, são aqueles destinados a modernizações ou a pequenas expansões do maquinário.

Reestruturação
Em relação à queda de 66,6% nas aprovações de novos financiamentos, que passaram de R$ 7,116 bilhões para R$ 2,379 bilhões, Nardim disse que ela reflete um momento transitório de reestruturação do banco.
Além da mudança de diretoria ocorrida em janeiro, o banco fez uma grande reformulação nos seus cargos de comando. "Há uma queda de ritmo natural", disse o técnico, afirmando que só neste mês é que os trabalhos estão retomando o ritmo normal.
Já os desembolsos, que refletem as liberações de recursos para contratos já aprovados, mantiveram no primeiro bimestre deste ano praticamente o mesmo ritmo do ano passado, alcançando R$ 3,45 bilhões (R$ 3,44 bilhões em janeiro e fevereiro de 2002).
Os valores, tanto deste ano quanto do ano passado, estão expurgados dos repasses feitos às empresas de energia elétrica a título de antecipação de receita para cobrir déficits do período de racionamento (junho de 2001 a fevereiro de 2002).
Esses recursos não saem do orçamento do BNDES, mas direto do Tesouro Nacional. Em janeiro e fevereiro de 2002 eles somaram R$ 914 milhões e no mesmo período deste ano, R$ 378 milhões.
A atual direção do BNDES pretende recorrer ao Ministério da Fazenda para tentar obter recursos extras.
O objetivo é fazer com que o total de empréstimos deste ano supere os R$ 31,4 bilhões do ano passado.
Segundo Nardim, as dificuldades de captação no mercado externo comercial e as limitações das fontes internas -basicamente, 40% do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)-, exigem que o banco busque fontes alternativas para ampliar os empréstimos.


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