|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Maior desejo era voltar a trabalhar"
DA REPORTAGEM LOCAL
Um tiro na coluna em 1999, durante uma ocorrência de roubo de
carga na zona leste de São Paulo,
mudou a vida do então policial
militar Josué Rosendo, 36.
Com 29 anos, Rosendo ficou paraplégico. Durante dois anos, fez
fisioterapia e lutou para resgatar a
auto-estima. Contou com o apoio
de uma associação que auxilia policiais e ex-policiais militares.
"Na época, já estava casado havia 12 anos. Com a família estruturada, consegui superar barreiras para atingir meu maior desejo,
que era o de voltar a trabalhar."
Em 2002, foi contratado pelo
BankBoston como segurança.
Numa pequena sala repleta de
TVs, Rosendo -muito bem vestido com terno e gravata- fica de
olho, de segunda a sexta-feira, das
8h às 22h, nas imagens captadas
por dezenas de câmeras espalhadas pelo prédio do BankBoston.
O ex-policial tem o segundo
grau completo e pretende cursar
faculdade de direito. "Optei por
tocar a vida normalmente. Após o
acidente, não foi fácil me conscientizar de que era um cadeirante. Uma coisa é nascer deficiente.
Outra, estar deficiente."
O ex-policial conta que quando
foi ao shopping Aricanduva pela
primeira vez como cadeirante teve duas experiências que não vai
mais esquecer. "Minha camisa ficou tão molhada de tanto suar
que dava até para torcer. Quando
me viu na cadeira de rodas, nesse
mesmo dia, uma senhora me ofereceu R$ 1. Eu aceitei."
Para Rosendo, o emprego é essencial na vida de uma pessoa
portadora de deficiência. Com a
pressão para o cumprimento da
lei de cotas para contratar esse tipo de mão-de-obra, na sua avaliação, as PPDs (pessoas portadoras
de deficiências) têm mais chances
de conquistar um emprego.
O segurança cadeirante se preparou para enfrentar o dia-a-dia
no banco. "Leio bastante e uso
muito a internet." Com um carro
adaptado, leva uma hora da sua
casa, em São Miguel Paulista, até o
BankBoston, e não reclama.
No BankBoston desde julho de
2005, Carlos do Santos, 52, ex-policial militar, colega de trabalho de
Rosendo, também é cadeirante.
"Foi uma oferta maravilhosa de
emprego, irrecusável. As pessoas
portadoras de deficiência não devem desistir de buscar qualificação e emprego."
(FF)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Opinião Econômica - Rubens Ricupero: Fome Zero para exportações! Índice
|