São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

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Premiê diz que China não está imune à crise

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, disse ontem que está "profundamente preocupado" com a situação da economia americana e pelas sucessivas quedas do dólar e que teme "a potencial crise econômica global produzida pelos crescentes problemas financeiros dos Estados Unidos".
Ele admitiu que será muito difícil cumprir a meta de 4,8% de inflação da China neste ano, mas garantiu que o país continuará a crescer velozmente.
A crise americana pode fazer com que o balanço entre crescimento e o combate à inflação na China fique "mais difícil", Wen afirmou em entrevista coletiva em Pequim, que marcou o fim da reunião do Congresso Nacional do Povo, máxima instância legislativa que aprova as decisões já tomadas pelo Partido Comunista.
"Estou acompanhando de perto e me sinto profundamente preocupado com a situação econômica global, especialmente a economia americana", disse. "O que me preocupa é a contínua desvalorização do dólar e quando o dólar atingirá seu mínimo".
Ontem também, o presidente do Banco do Povo da China (o BC do país), Zhou Xiaochuan, disse que a comissão de política monetária estuda a possibilidade de um novo aumento na taxa de juros e de medidas para combater a inflação.
Wen, que foi "reeleito" pelo Congresso para um mandato de mais cinco anos, disse que seu governo tomará duas precauções mais importantes. Evitar que a economia chinesa, que cresce a taxas superiores a 10% ao ano nos últimos cinco anos, fique "superaquecida", e impedir que a subida de preços estruturais se transforme em inflação para valer.
"Precisamos traçar um percurso entre cortar a inflação e manter o crescimento econômico", afirmou. A inflação atingiu 8,7% em fevereiro, mas os aumentos de certos alimentos ao consumidor, como verduras, passaram dos 50% graças ao inverno severo, que paralisou fábricas e destruiu cultivos, e à crescente demanda.
Enquanto vários países sentem a retração no crédito pelo colapso do mercado hipotecário, a China precisa se esforçar para conter o excesso de liquidez em seu mercado.
Ao explicar o desafio de equilibrista, Wen disse que tampouco quer uma freada brusca na economia chinesa, pois uma desaceleração abrupta dificultaria sua missão de "criar 10 milhões de novos empregos por ano". O premiê não especificou como a moeda chinesa, o yuan, poderia lutar contra a inflação, mas disse que o yuan já se apreciou em relação ao dólar em 15% nos últimos dois anos.


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