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Premiê diz que China não está imune à crise
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O primeiro-ministro chinês,
Wen Jiabao, disse ontem que
está "profundamente preocupado" com a situação da economia americana e pelas sucessivas quedas do dólar e que teme
"a potencial crise econômica
global produzida pelos crescentes problemas financeiros
dos Estados Unidos".
Ele admitiu que será muito
difícil cumprir a meta de 4,8%
de inflação da China neste ano,
mas garantiu que o país continuará a crescer velozmente.
A crise americana pode fazer
com que o balanço entre crescimento e o combate à inflação
na China fique "mais difícil",
Wen afirmou em entrevista coletiva em Pequim, que marcou
o fim da reunião do Congresso
Nacional do Povo, máxima instância legislativa que aprova as
decisões já tomadas pelo Partido Comunista.
"Estou acompanhando de
perto e me sinto profundamente preocupado com a situação
econômica global, especialmente a economia americana",
disse. "O que me preocupa é a
contínua desvalorização do dólar e quando o dólar atingirá
seu mínimo".
Ontem também, o presidente do Banco do Povo da China
(o BC do país), Zhou Xiaochuan, disse que a comissão de
política monetária estuda a
possibilidade de um novo aumento na taxa de juros e de medidas para combater a inflação.
Wen, que foi "reeleito" pelo
Congresso para um mandato
de mais cinco anos, disse que
seu governo tomará duas precauções mais importantes. Evitar que a economia chinesa,
que cresce a taxas superiores a
10% ao ano nos últimos cinco
anos, fique "superaquecida", e
impedir que a subida de preços
estruturais se transforme em
inflação para valer.
"Precisamos traçar um percurso entre cortar a inflação e
manter o crescimento econômico", afirmou. A inflação atingiu 8,7% em fevereiro, mas os
aumentos de certos alimentos
ao consumidor, como verduras,
passaram dos 50% graças ao inverno severo, que paralisou fábricas e destruiu cultivos, e à
crescente demanda.
Enquanto vários países sentem a retração no crédito pelo
colapso do mercado hipotecário, a China precisa se esforçar
para conter o excesso de liquidez em seu mercado.
Ao explicar o desafio de equilibrista, Wen disse que tampouco quer uma freada brusca
na economia chinesa, pois uma
desaceleração abrupta dificultaria sua missão de "criar 10
milhões de novos empregos por
ano". O premiê não especificou
como a moeda chinesa, o yuan,
poderia lutar contra a inflação,
mas disse que o yuan já se apreciou em relação ao dólar em
15% nos últimos dois anos.
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