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Crise dos EUA eleva preço do petróleo, diz Petrobras
Presidente da empresa defende mudar lei para descobertas na camada pré-sal
Gabrielli afirma que instabilidade internacional, por si só, não será razão para reajustes dos preços de combustíveis no Brasil
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O aumento recente nas cotações do barril de petróleo está
relacionado à crise do mercado
americano, na avaliação do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Na Bolsa Mercantil de Nova York, o petróleo fechou ontem a US$ 109,42. Segundo ele, há uma procura por
ativos de maior rentabilidade.
Isso significa que uma parcela dos investidores passa a avaliar o mercado de petróleo como alternativa para maximizar
ganhos, com aumento do capital especulativo no setor. "A taxa de juros americana muito
baixa e a crise do "subprime"
provocam busca por retorno
mais elevado. É puramente um
movimento financeiro", disse.
Segundo a Petrobras, a
Nymex (Bolsa Mercantil de
Nova York) estima que mais de
95% dos contratos futuros de
energia não resultam diretamente em entregas físicas.
Nos últimos anos, a cotação
do barril tem se mostrado mais
rentável do que outros índices.
De 2003 a 2007, a cotação do
barril de petróleo tipo Brent
acumulou alta de 17,42%. O
S&P 500, índice que reúne as
500 maiores empresas que têm
ações negociadas na Bolsa de
Nova York, teve alta de 10,07%
e o índice da Nasdaq, de 13,6%.
A perspectiva é de oscilação
de preços, segundo Gabrielli. O
presidente da Petrobras avalia
que, se a crise atingir a economia real americana, o mercado
de petróleo será afetado.
"Antes da última agudização
da crise, minha expectativa era
de uma crise leve e curta. Essa
última crise do Bear Stearns e
do Lehman pode levar a um
problema de ajuste de portfólio
dos investidores que não sei até
quando pode chegar ao consumidor e quando pode chegar à
economia real", disse.
O presidente da Petrobras
avalia que o nível dos estoques
em faixa inferior ao patamar
histórico faz com que quaisquer problemas geopolíticos
tenham impacto direto no preço no curto prazo.
Gabrielli afirmou que a instabilidade do cenário internacional, por si só, não fará a empresa reajustar os preços de combustíveis no país e que outros
aspectos precisam ser levados
em conta nessa análise.
A crise no mercado americano não afetará os planos de investimento da companhia, de
US$ 112,7 bilhões até 2012, mas
pode dificultar a forma de financiar o investimento. A Petrobras pretende captar ainda
neste ano US$ 5 bilhões.
O plano de investimentos deve ser revisto no segundo semestre e incluir grandes descobertas, como as de Tupi e de Júpiter. Segundo Gabrielli, se o
mercado "ficar mais difícil", a
empresa poderá aumentar a
parcela de recursos próprios.
O cenário de custos altos da
indústria fez com que as grandes empresas investissem
mais, mas não conseguissem
aumentar a produção, segundo
a Petrobras. De um grupo de
nove empresas, apenas três
conseguiram aumentar a produção de petróleo e gás. No ano
passado, a produção da estatal
brasileira cresceu 0,1%.
Revisão da lei
Gabrielli voltou a defender
ontem a revisão da lei do petróleo com novos modelos de concessão para descobertas na
área do pré-sal. Ele afirma que
o sistema regulatório brasileiro
foi montado para remunerar o
risco exploratório, que teria
mudado de forma significativa
com as descobertas de petróleo
na camada pré-sal.
Para Nelson Narciso, diretor
da ANP (Agência Nacional do
Petróleo), não são necessárias
"mudanças radicais" na lei para
contemplar a alteração de cenário. A agência trabalha na
formulação de uma proposta a
ser entregue ao governo.
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