São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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INFRA-ESTRUTURA
Deficiências fazem com que a América do Sul perca competitividade; pacote custaria US$ 69 bilhões
CNI quer investimentos regionalizados

do enviado especial

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) apresentou ontem, ao Foro Empresarial das Américas, proposta para regionalizar os investimentos na infra-estrutura da América do Sul, uma das mais graves carências do subcontinente.
A idéia, apresentada por José Carlos Gomes Carvalho, presidente do conselho de infra-estrutura da CNI, é dar economia de escala aos projetos de investimento em infra-estrutura, o que, em tese, os torna mais factíveis, por serem mais baratos.
Carvalho lembrou estudos que identificaram 124 projetos de infra-estrutura, só em países sul-americanos, que demandam investimentos de cerca de US$ 69 bilhões.
Formar um só pacote tornaria mais atraente o investimento que, necessariamente, terá que vir em grande parte do setor privado. Motivo: os cofres públicos estão perto do zero em toda parte, ou seja, não há dinheiro para investimento por parte dos órgãos governamentais.
Mas a proposta tem um fundo político claro: demonstrar que, sem forte investimento em infra-estrutura, os países sul-americanos não têm a menor condição de concorrer com a poderosa economia norte-americana.
Um dos exemplos citados por Carvalho: toda a América do Sul tem 26,5 milhões de linhas telefônicas (uma para cada cem habitantes), ao passo que, na América do Norte, são 151,1 milhões de linhas telefônicas (42 para cada 100 habitantes).
Carências
Também Robert Petterson, presidente da divisão de América Latina da Caterpillar norte-americana, bateu na tecla das carências estruturais da América Latina.
Disse que o estado das estradas, portos e aeroportos é uma desvantagem comparativa para a região. A Caterpillar sente no bolso a desvantagem: custa US$ 3.000 mais enviar um trator grande do Brasil para o Peru ou a Venezuela do que despachar uma máquina igual de Peoria (Illinois, onde fica o QG mundial da empresa).
Pelo mau estado das estradas no Brasil, só o custo do frete aumenta 38%, calcula Petterson, um fervoroso defensor do livre comércio. (Clóvis Rossi)



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