São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 2002

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RETOMADA MUNDIAL

Expansão dos EUA neste ano é revisada de 0,7% para 2,3%

Economia global solta freio e volta a crescer, afirma FMI

DA REDAÇÃO

Depois de registrar em 2001 a menor expansão dos últimos dez anos, o mundo voltará a crescer a um ritmo mais veloz neste ano. Mas, ainda assim, o avanço será tímido, e riscos pairam sobre a economia do planeta.
A análise consta no relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre a economia mundial divulgado ontem, em Washington (EUA). No ano passado, o total da produção econômica de todos os países do mundo cresceu apenas 2,5%, um número que, para muitos economistas, equivale a uma estagnação.
De acordo com a análise do Fundo, coordenada pelo seu economista-chefe, Kenneth Rogoff, a freada na atividade do ano passado não foi profunda o suficiente para caracterizar uma recessão mundial. A última vez em que isso ocorreu foi em 1991, época da Guerra do Golfo e da última recessão norte-americana.
Entre os riscos citados pelo Fundo estão o possível agravamento na tensão no Oriente Médio e a elevação dos preços do petróleo. Segundo o relatório, esses fatores, entre outros, podem desestabilizar a esperada retomada das principais economias mundiais.
Graças em boa parte a uma retomada norte-americana mais intensa do que a estimada antes, o FMI está mais otimista em relação ao desempenho deste ano. Em um relatório divulgado em dezembro, os técnicos da instituição projetavam uma modesta expansão de 2,4% em 2002, mas, agora, a estimativa é que o crescimento seja de 2,8%.
Para o Fundo, o cenário é mais favorável para 2003, quando se espera que haja um crescimento de 4%. Em 2000, a produção global havia apresentado uma sólida expansão de 4,7%.
Sozinhos, os EUA respondem por 21% do total de mercadorias e serviços produzidos anualmente no planeta. Como o país crescerá neste ano mais do que o previsto -e mais do que no ano passado-, o resto do mundo acabará ganhando, por causa do maior fluxo de capitais.
Em dezembro, o Fundo via os EUA crescendo um modesto 0,7% -abaixo da expansão de 1,2% do ano passado. Agora os técnicos da instituição projetam um avanço de 2,3% para este ano.
"Com a expectativa de uma aceleração na atividade no primeiro semestre do ano, a recente recessão [norte-americana" provavelmente será a menor de que se tem registro", diz o relatório.
A recuperação norte-americana vai favorecer países cujas economias são mais dependentes das exportações aos EUA, como os produtores de eletrônicos do Sudeste Asiático. De maneira conjunta, Indonésia, Malásia, Filipinas e Tailândia devem avançar 3,3% em 2002, 0,4 ponto percentual acima do que se previa.
A União Européia, por outro lado, teve seu crescimento revisado para 1,4% neste ano, apenas 0,2 ponto percentual acima da estimativa anterior. A Alemanha, maior economia do bloco, deve se expandir 0,9%, depois de ter crescido apenas 0,6% no ano passado.
Para o Japão, segunda maior economia do planeta, as projeções ficaram inalteradas. A estimativa é que haja uma queda de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, depois da contração de 0,4% registrada no ano passado. Em 2003, o país deve recuperar o crescimento econômico, mas a um tímido ritmo de 0,8%.
"O fraco crescimento na década de 90 reflete o fracasso do país em lidar com deficiências estruturais, especialmente no sistema bancário", afirma o relatório.


Com agências internacionais


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