São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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Centrais temem recessão no país e desemprego

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Manifestantes fazem protesto na avenida Paulista; o ato foi realizado contra a crise de energia e a corrupção que afetam o país


CLAUDIA ROLLI
DA REDAÇÃO

CUT e Força Sindical acreditam que as medidas anunciadas ontem pelo governo vão trazer não só desemprego ao país, mas também vão gerar recessão.
Na avaliação do secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, as empresas serão forçadas a recuar em suas metas de produção e deixarão de contratar mais funcionários. "As indústrias só poderão gastar a mesma quantidade de energia da média de maio, junho e julho do ano passado. Vão deixar de produzir. O governo está freando a produção e impedindo o crescimento da economia."
Para a CUT, outro agravante é que a multa para quem não poupar energia é um aumento disfarçado de tarifa. "O trabalhador foi surrupiado no acordo do FGTS, foi roubado ao pagar Imposto de Renda sem correção da tabela e agora vai servir de fonte de arrecadação para o governo", disse João Felício, presidente da central. A entidade deve entrar com ações na Justiça contra a multa.
A CUT fez ontem uma passeata da avenida Paulista até a praça Ramos contra o apagão e para pedir garantia de emprego durante o plano de racionamento. O protesto também foi contra a corrupção no país e marcou a campanha salarial de várias categorias profissionais com data-base no primeiro semestre. Uma piscina com 3.000 litros de lama foi levada para o ato.
Segundo a central, a manifestação reuniu 10 mil pessoas e serviu também para relembrar o protesto que aconteceu há um ano, quando manifestantes e a tropa de choque da Polícia Militar se enfrentaram e mais de 30 pessoas ficaram feridas. A PM, que colocou cerca de 200 soldados para garantir a segurança, estimou que 6.000 participaram do ato.
A Força Sindical informou que vai colocar advogados à disposição dos trabalhadores em 1.400 sindicatos filiados à central para quem quiser recorrer da sobretaxa na conta de luz.
Na próxima quarta-feira, sindicalistas da Força e da CGT vão se reunir com o ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, para discutir medidas como a redução da jornada e fechamento do comércio aos domingos.


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