São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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País poderá ter desabastecimento de comida

DA REPORTAGEM LOCAL

O país corre o risco de passar por um período de desabastecimento caso o governo não revise as medidas de limite de consumo de energia ao setor de alimentos.
A direção da Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos) irá para Brasília na segunda-feira para tentar mudar a situação do setor no plano de racionamento anunciado ontem.
O problema é que não há possibilidade de armazenar -nos frigoríficos da região Sudeste -as aves e carnes congeladas que foram trazidas de Estados como Paraná e Santa Catarina.
"Como algumas empresas devem fazer um apagão obrigatório, não teremos onde guardar o produto e tudo vai ser perdido", disse Edmundo Klotz, presidente da associação.
"A população pode esperar pelo desabastecimento, com falta da carne e do frango, e também pode aguardar pelo aumento de preço", afirmou Klotz.
Nos supermercados, não há possibilidade de manter os produtos industrializados. Isso porque apenas 10% dos supermercados localizados no Sudeste têm geradores, pelas contas da Abia.

Críticas
Outros empresários já acreditam que o plano anunciado ontem tem efeitos benéficos.
Segundo Roberto Teixeira da Costa, vice-presidente do Banco Sul América, "o Brasil é incompetente para prevenir crises, mas demonstra habilidade ao administrá-las".
Para ele, esse é um dos casos. "As medidas tomadas hoje são duras. Para algumas pessoas haverá situações difíceis de contornar, mas acho que o bom senso vai prevalecer", afirmou Costa.
"Pela reação da sociedade, já houve uma economia sensível", disse.
No varejo, a reação foi cautelosa. "O que se propõe são medidas sérias para reduzir o consumo e distribuir igualmente os sacrifícios", afirmou Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
Mas Szajman ressaltou que, na verdade, o que faltou foram alternativas a um plano melhor. "Não resta outra alternativa a não ser apoiar a redução de 20% no consumo", afirmou o presidente da federação. (AM)


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