São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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Afastei as multas e o apagão, afirma FHC

Presidente diz que cobrará dos que têm mais renda e gastam mais e volta a culpar a falta de chuvas por crise

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente FHC disse ontem, em pronunciamento transmitido por cadeia nacional de rádio e TV, que as multas e o apagão estão afastados. "Já afastei as multas e o apagão", afirmou, categórico.
Pouco depois, foi mais cauteloso: "Eu disse que afastei a hipótese do corte de energia porque ele causaria males enormes a você e ao país. Afastei-a porque confio em nosso povo. Os brasileiros saberão racionalizar seu uso. Mas isso será indispensável, se quisermos afastar, definitivamente, o riso do apagão".
O presidente não falou sobre cortes de energia nem sobretaxas -que não considera multas. "Cobraremos mais dos que, tendo mais renda, gastarem mais."
No pronunciamento de ontem, FHC não disse que estava voltando atrás na questão da cobrança extra nem admitiu abertamente erros que o governo tenha cometido na atual crise.
Disse apenas que, "independentemente das críticas, algumas justas, sobre erros na condução da política energética e de falta de previsão no uso dos reservatórios de água, o fato é que houve drástica redução das chuvas na região Sudeste".
Em vez de culpar governos anteriores (Collor e Itamar), como havia feito ao tratar desse assunto antes, FHC ontem atribuiu a crise energética apenas à falta de chuvas. "Dispomos de capacidade para gerar energia. O que nos falta é combustível, a água."
O presidente afirmou que os brasileiros já passaram por "provações maiores", como a inflação, as crises nas Bolsas estrangeiras e a desvalorização do real.
"Pouparemos a energia que consumimos se nos organizarmos, se continuarmos investindo até que novas chuvas cheguem. E venceremos outra vez", disse, pedindo o "engajamento de cada um" e "uma atitude responsável".
"Para resolver a situação atual de emergência, o engajamento de cada um de vocês é parte da solução. E, para que tudo dê certo, além do trabalho incessante do governo, é preciso que você instrua seus filhos, sua família, incentive seus amigos e tenha uma atitude responsável", disse.
"Será bom para o Brasil e para você que se crie a mentalidade da conservação, do uso racional da energia e do combate ao desperdício em geral. E não apenas agora, nessa hora de combate à escassez, mas permanentemente."
O presidente procurou dar um tom otimista à "escassez transitória de energia elétrica", ao afirmar que o aumento do consumo de energia foi "ocasionado pela retomada do crescimento".


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