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Afastei as multas e o apagão, afirma FHC
Presidente diz que cobrará dos que têm mais renda e gastam mais e volta a culpar a falta de chuvas por crise
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente FHC disse ontem,
em pronunciamento transmitido
por cadeia nacional de rádio e TV,
que as multas e o apagão estão
afastados. "Já afastei as multas e o
apagão", afirmou, categórico.
Pouco depois, foi mais cauteloso: "Eu disse que afastei a hipótese
do corte de energia porque ele
causaria males enormes a você e
ao país. Afastei-a porque confio
em nosso povo. Os brasileiros saberão racionalizar seu uso. Mas
isso será indispensável, se quisermos afastar, definitivamente, o riso do apagão".
O presidente não falou sobre
cortes de energia nem sobretaxas
-que não considera multas.
"Cobraremos mais dos que, tendo mais renda, gastarem mais."
No pronunciamento de ontem,
FHC não disse que estava voltando atrás na questão da cobrança
extra nem admitiu abertamente
erros que o governo tenha cometido na atual crise.
Disse apenas que, "independentemente das críticas, algumas justas, sobre erros na condução da
política energética e de falta de
previsão no uso dos reservatórios
de água, o fato é que houve drástica redução das chuvas na região
Sudeste".
Em vez de culpar governos anteriores (Collor e Itamar), como
havia feito ao tratar desse assunto
antes, FHC ontem atribuiu a crise
energética apenas à falta de chuvas. "Dispomos de capacidade
para gerar energia. O que nos falta
é combustível, a água."
O presidente afirmou que os
brasileiros já passaram por "provações maiores", como a inflação,
as crises nas Bolsas estrangeiras e
a desvalorização do real.
"Pouparemos a energia que
consumimos se nos organizarmos, se continuarmos investindo
até que novas chuvas cheguem. E
venceremos outra vez", disse, pedindo o "engajamento de cada
um" e "uma atitude responsável".
"Para resolver a situação atual
de emergência, o engajamento de
cada um de vocês é parte da solução. E, para que tudo dê certo,
além do trabalho incessante do
governo, é preciso que você instrua seus filhos, sua família, incentive seus amigos e tenha uma
atitude responsável", disse.
"Será bom para o Brasil e para
você que se crie a mentalidade da
conservação, do uso racional da
energia e do combate ao desperdício em geral. E não apenas agora, nessa hora de combate à escassez, mas permanentemente."
O presidente procurou dar um
tom otimista à "escassez transitória de energia elétrica", ao afirmar
que o aumento do consumo de
energia foi "ocasionado pela retomada do crescimento".
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