São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Distribuidoras querem aumentar as tarifas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Para cumprir o plano de racionamento do consumo de energia elétrica, as distribuidoras querem elevar os preços das tarifas.
"Executar esse plano tem um custo. Vamos mostrar isso para o governo no momento certo", diz Olmede Celestino dos Santos, gerente-executivo de operação da Bandeirante Energia.
O pedido para o ressarcimento dos custos do programa de racionamento de energia será feito assim que o plano estiver em prática, segundo a Folha apurou.
O que as distribuidoras vão apresentar ao governo são principalmente os custos com a troca de softwares para fazer as novas faturas para o consumidor.
Também vão cobrar os gastos com campanhas para informar a população sobre o programa de racionamento e com a contratação de técnicos e de profissionais para tirar dúvidas dos clientes.
A partir de segunda-feira, a Bandeirante começa a efetuar a troca do seu programa de computador para acompanhar o consumo de energia dos clientes. Essa alteração do sistema deve demorar cerca de duas semanas.
Cabe às distribuidoras fazer as contas para determinar quanto cada cliente poderá gastar de energia, levando em conta o corte de 20% no consumo, que foi determinado pelo governo.
Na fatura da conta de luz, o consumidor vai saber o quanto pode gastar (baseado no consumo médios dos meses de maio, junho e julho de 2000), se ultrapassou ou não a meta e se foi multado ou ganhou bônus. Hoje ele sabe o consumo dos últimos três meses.
As distribuidoras consideram que é possível colocar o plano em prática em até 40 dias. Mas o farão com "dor no coração". É que, além de terem de arcar com custos extras para executar o plano de racionamento de energia, elas vão enfrentar a queda no faturamento, praticamente proporcional ao corte no consumo.
As principais concessionárias de energia do país, como Eletropaulo, Cemig e Light, por exemplo, deverão perder entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões em receita cada uma nos primeiros três meses do plano, segundo Sérgio Tamashiro, analista do Unibanco.
"As distribuidoras vão querer compensar o aumento de custos e essa queda de receita com o aumento de tarifas", afirma. Para o analista, é possível até que as distribuidoras segurem os investimentos programados até o final do ano, por precaução.
Outro problema a enfrentar, segundo as distribuidoras, é o aumento no atraso do pagamento das contas de luz. A inadimplência das distribuidoras é da ordem de 2,5% a 3%. No caso da Bandeirante, dos 2,2 milhões de consumidores, corta a luz de cerca de 50 mil clientes por mês por falta de pagamento. A distribuidora acha que esse número vai crescer.


Texto Anterior: Apagões não estão descartados
Próximo Texto: Consumo diário no Estado de SP volta a ter queda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.