|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SALTO NO ESCURO
Custo da energia, que subirá 9% com plano antiapagão, e ônibus mais caro comprometem meta de 4% para 2001
Com sobretaxa, Fipe já prevê inflação de 5%
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Energia elétrica e ônibus vão
frustrar as previsões de inflação
de 4% para este ano. A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) reviu ontem a taxa de
2001 para 5%, segundo Heron do
Carmo, coordenador do Índice de
Preços ao Consumidor.
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) do IBGE,
índice balizador das metas de inflação do governo, também deverá ficar em 5%, diz o coordenador
da Fipe. A previsão -e a meta-
também era de 4%.
A inflação não é a questão no
momento, diz Heron, mas resolver o problema da falta de energia. O coordenador diz que as medidas do governo são apenas uma
"gambiarra" para diminuir o problema no curto prazo.
As medidas deveriam focar o
problema de longo prazo também, afirma Heron. Uma das saídas seria um acerto das tarifas do
setor, o que certamente vai ter de
ser feito mais na frente. Esse acerto daria regras claras para os investidores.
O governo vai acabar punindo o
consumidor por um caminho enviesado. Nas contas da Fipe (para
efeito de cálculo da inflação em
São Paulo), o custo da energia vai
aumentar 9%. Os consumidores
que constam na pesquisa da instituição consomem mensalmente,
em média, 244 kWh, e a Fipe considera que todos vão receber a
multa por não cumprir o cronograma de redução. Essa alta de 9%
vai elevar a inflação em 0,4 ponto
percentual.
O economista da Fipe acredita
que, a partir de julho, o governo
vá reajustar os preços da energia
em pelo menos 16%, que, somados aos 9%, dariam algo próximo
de 25%. Esse percentual, no entanto, não é uma garantia de novas tarifas para os investidores.
Heron diz que seria melhor conceder já um reajuste de 25%, o que
elevaria a inflação em um ponto
percentual, mas abriria caminho
para mais investimentos no setor.
Ônibus barra deflação
O aumento das passagens de
ônibus ficou acima das previsões
da Fipe, que esperava R$ 1,25. O
preço foi para R$ 1,40, um reajuste
de 21,7%, o que vai gerar inflação
de 0,87 ponto percentual no período de 30 dias.
O reajuste das passagens de ônibus comprometeu a inflação de
junho, que deverá ficar em 0,70%.
Sem esse aumento, o economista
diz que poderia até ser registrada
deflação no próximo mês, uma
vez que os alimentos estão com
forte desaceleração de preços.
Já o aumento previsto de 9% na
energia elétrica vai começar a
aparecer no índice da Fipe apenas
em julho, mês em que é cobrada a
tarifa pelo consumo de junho.
Além de câmbio, energia e aumento da tarifa de ônibus, a taxa
de inflação poderá receber, ainda,
impacto de novos reajustes nos
preços da gasolina no segundo semestre. Pelos preços atuais do dólar, o reajuste da gasolina deveria
ser de ao menos 12% nas refinarias, segundo o economista.
Índice recua
A inflação dos últimos 30 dias
terminados em 15 deste mês ficou
em 0,36% em São Paulo, abaixo
do 0,59% da primeira quadrissemana (últimos 30 dias até dia 7).
A redução da taxa se deve à pressão menor dos alimentos, principalmente no setor "in natura", em
que os preços subiram apenas
0,82% no período, contra alta de
6,44% na semana anterior.
Texto Anterior: Governo pode intervir em distribuidora Próximo Texto: BC sinaliza que crise poderá elevar juros Índice
|