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BC sinaliza que crise
poderá elevar juros
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central sinalizou ontem que pode aumentar os juros
básicos da economia por causa do
impacto que a crise de energia terá na inflação. Na próxima semana, o Copom (Comitê de Política
Monetária) do BC se reúne para
decidir se muda a taxa, hoje em
16,25% ao ano.
"O BC irá reagir aos efeitos desse choque de oferta", disse o diretor de Política Econômica do BC,
Ilan Goldfajn, em bate-papo realizado na internet. Choque de oferta é o termo usado para a falta repentina de um produto no mercado, causando a alta de seu preço.
A taxa de juros é o principal instrumento utilizado para controlar
a inflação, cuja meta para este ano
é de 4%, com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
A última previsão do BC previa
uma inflação de 4,8% para este
ano. A estimativa foi feita em
março, quando a taxa de juros estava em 15,75%.
O Ministério do Planejamento
estima que o reajuste das tarifas
deve provocar um aumento de
0,15 ponto percentual na inflação
deste ano. O problema, para o diretor do BC, é o repasse desse aumento de tarifas para os preços,
ainda desconhecido. "Estamos
estudando quais serão os efeitos
indiretos."
Um desses "efeitos indiretos"
pode acabar favorecendo o controle da inflação, pois o desaquecimento da economia tende a reduzir a pressão sobre os preços.
Com a economia crescendo menos, diminui o espaço que as empresas teriam para aumentar os
preços, já que a renda da população tende a cair. Estudo feito pelo
próprio Goldfajn antes de assumir a diretoria do BC diz que a desaceleração reduz o impacto da
alta do dólar -que já subiu 18%
neste ano- na inflação.
Uma elevação dos juros aprofundaria ainda mais a desaceleração econômica e tornaria mais difícil o cumprimento das metas
acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Com a desaceleração mais forte
da economia, a arrecadação de
impostos e o faturamento de empresas estatais tende a diminuir.
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