São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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Indústria já tem carro a álcool e a gasolina pronto

DA REPORTAGEM LOCAL

O início da produção em massa do automóvel flexível no Brasil deve ocorrer dentro de um ou dois anos após a autorização do governo, caso isso de fato ocorra.
A estimativa é do diretor de sistemas de injeção da Bosch, Besaliel Botelho, para quem várias modificações precisam ser feitas no processo industrial das montadoras para permitir que o novo automóvel chegue às concessionárias. Entre as mudanças necessárias estão a proteção de componentes do motor contra a corrosão pelo álcool.
"A fabricação do automóvel flexível não se dará do dia para a noite. Exige muitos preparativos", diz Botelho. Outro fator que impede a entrada imediata do novo motor no mercado são as fases de sua homologação pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). O equipamento precisa estar dentro dos padrões brasileiros de proteção do meio ambiente.
Durabilidade e conforto são outras características de que o novo automóvel precisa, incluindo capacidade de rodar pelo menos 80 mil quilômetros sem explosões bruscas no motor.

Tecnologia
A Bosch é a indústria pioneira em tecnologia do automóvel flexível no Brasil. A filial da multinacional alemã iniciou os estudos em 1992, com engenheiros brasileiros, e apresentou dois anos depois seu primeiro protótipo, um Ômega.
"Foi um projeto totalmente nacional, com orientação da matriz", afirma Botelho. Na época não houve repercussão positiva por parte do governo. A Bosch prosseguiu, no entanto, com os testes, compartilhando os estudos com General Motors, Volkswagen, Ford e Fiat. Atualmente, a empresa trabalha com um protótipo de motor flexível do modelo Vectra, da GM.
O motor flexível trabalha com qualquer percentual de mistura de gasolina e álcool graças a um sensor instalado na linha de combustível do carro. O grau de explosão da mistura, a ignição, injeção eletrônica e controle de ar são adaptados automaticamente.
A Bosch investiu cerca de R$ 2 milhões no desenvolvimento da tecnologia. Já a Magneti Marelli iniciou há quatro anos as pesquisas para o automóvel flexível no país. Apesar de pertencer ao grupo Fiat, a empresa apresentou os resultados de suas pesquisas à maioria das montadoras no Brasil. Até agora, nenhuma anunciou publicamente a intenção de adotar de fato o motor. Elas aguardam negociações com o governo.
O grupo francês PSA, que atua no Brasil com suas montadoras Peugeot e Citroën, é um dos poucos fabricantes de veículos que afirma não estar interessado em produzir o automóvel flexível no país. "Estamos no Brasil há pouco mais de um ano e ainda não temos escala para investir nessa tecnologia por aqui", afirma Rodrigo Junqueira, diretor de relações corporativas do conglomerado.
(LV)


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