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ATIVIDADE EM BAIXA
Chance de processo se instalar em vários países é considerado alto, segundo estudo do Fundo
FMI alerta para risco de deflação mundial
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou ontem estudo
onde afirma existir o risco de o
mundo entrar em um processo de
deflação. O fenômeno ocorre
quando os preços começam a cair
como consequência da baixa atividade econômica.
Embora o risco seja considerado "baixo" levando-se em conta a
economia global como um todo,
ele é visto como "moderado" e
"alto" em vários países importantes, como a Alemanha.
"Há o receio de um processo de
declínio generalizado de preços
tanto em economias desenvolvidas como em mercados emergentes. O temor é que a pressão deflacionária se aprofunde e se espalhe", diz o Fundo.
Os Estados Unidos, a maior
economia do mundo, figuram na
lista de risco "baixo". O FMI ressalta, contudo, que a possibilidade de a deflação ocorrer está longe
de ser "mínima".
Alemanha e Japão, país que já
convive com a estagnação há três
anos, encabeçam a lista dos enquadrados como risco 'alto".
Bélgica, Finlândia, Noruega,
Portugal, Suécia e Suíça estão na
lista do risco "moderado", mesmo sem levar em conta os efeitos
que uma deflação na Alemanha
poderá ter sobre toda a economia
européia. Se o cenário se concretizar na maior economia da Europa, o processo deflacionário na
região tende a se aprofundar.
O estudo do Fundo, divulgado
em um dia pouco usual como um
domingo, foi revelado depois que
os Estados Unidos registraram
deflação recorde de 1,9% nos preços no atacado e de 0,3% ao consumidor na semana passada.
Pelos critérios do Fundo, a deflação ocorre quando os preços
sobem menos do que 1% ao ano.
O FMI ressalta que uma deflação nos EUA tende a ocorrer principalmente se a taxa de desemprego no país chegar próxima a 8%
do PIB e se o crescimento econômico ficar abaixo de 1% nos próximos 18 meses.
O desemprego nos EUA vem
acelerando e está hoje na faixa de
6%. O crescimento do país projetado pelo próprio FMI para 2003 é
de 2,2%, mas muitos economistas
já duvidam dessa previsão.
Além das economia de países ricos, o Fundo listou vários emergentes dentro da categoria de risco "baixo". Coréia do Sul, Índia,
México, Polônia e Tailândia estão
nessa lista. A China também, embora o FMI ressalte que os preços
têm caído no país mais em função
do aumento da produtividade das
empresas.
Tanto o Departamento do Tesouro norte-americano quanto o
próprio Fundo têm alertado por
diversas vezes a União Européia e
o Japão para que aprofundem
suas reformas e tomem medidas
de estímulo em suas economias.
Com a taxa básica de juros a
1,25% ao ano, o menor nível em
quatro décadas, e com dólar 25%
mais fraco em relação ao o euro, já
é praticamente um consenso nos
EUA de que o país está ficando
sem opções para sustentar seu
próprio crescimento.
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