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Microsoft compra grupo de publicidade
Companhia paga US$ 6 bi pela aQuantive, especializada em propaganda on-line, para enfrentar DoubleClick, do Google
Gigante pagou ágio de 85% sobre a cotação da empresa adquirida para garantir a
compra, pois havia perdido concorrências semelhantes
MIGUEL HELFT
ERIC PFANNER
DO "NEW YORK TIMES"
A Microsoft anunciou ontem
que comprará a aQuantive,
uma companhia especializada
em publicidade on-line, por
US$ 66,50 a ação, ou aproximadamente US$ 6 bilhões. Trata-se da maior aquisição da história da produtora de software e
da mais recente em uma série
de transações envolvendo empresas de publicidade on-line
adquiridas por grandes grupos
de internet e mídia.
A aquisição, a ser paga integralmente em dinheiro, representa ágio de 85% sobre a cotação das ações da aQuantive no
fechamento de ontem, US$
35,87, o que mostra até que
ponto a Microsoft a considera
crítica para os seus esforços relativamente frustrados de expansão no crescente mercado
da publicidade on-line.
"A aquisição nos coloca na
parada", afirmou Chris Dobson, diretor de vendas mundiais de publicidade da Microsoft. "Se alguém tinha alguma
dúvida de que a Microsoft seria
grande no setor de publicidade
on-line, isso deve deixar claro
que seremos."
O acordo surge logo depois
da recente aquisição da DoubleClick pelo Google, em uma
transação de US$ 3,1 bilhões,
bem como das aquisições da
RightMedia pelo Yahoo e da
RealMedia pelo gigante da publicidade WPP Group. A Microsoft, que havia tentado sem
sucesso adquirir a DoubleClick,
enfrentou concorrência para
conquistar a aQuantive, mas
estava determinada a não permitir que houvesse um lance
mais alto desta vez, disseram
executivos da empresa.
A aQuantive opera diversos
negócios importantes. Sua divisão Atlas concorre com a DoubleClick e é usada por anunciantes e grupos editoriais para
colocar publicidade on-line em
tempo real, quando usuários visitam uma página. Outra unidade do grupo é a AvenueA/Razorfish, importante agência de
publicidade interativa; e há
também a DRIVEpm, uma rede
de publicidade.
A Microsoft vem enfrentando dificuldades no mercado de
publicidade on-line, especialmente diante do Google.
Até agora, a Microsoft vendia
anúncios em seu portal MSN e
usava a tecnologia AdCenter
para vender publicidade vinculada a resultados de busca, um
negócio crescente e a pedra
fundamental do poderio do
Google. Mas a participação da
Microsoft no segmento de publicidade vinculada a buscas vinha caindo, o que limita a efetividade do sistema AdCenter.
Com a aQuantive, a Microsoft poderá vender e intermediar anúncios em qualquer site
da web, um negócio visto como
cada vez mais importante à medida que as verbas publicitárias
cada vez mais migram para a
mídia on-line. As aquisições da
DoubleClick e da RightMedia
por Google e Yahoo, respectivamente, tinham por objetivo
reforçar os esforços das empresas para vender e intermediar a
colocação de publicidade em
diversos sites.
Os analistas da ZenithOptimedia, uma agência de compra
de mídia, prevêem que o investimento publicitário na internet deva atingir os US$ 31 bilhões neste ano, em todo o
mundo, aumento de 28% ante
2006. Em distribuição das verbas publicitárias, a internet já
superou a mídia exterior e no
ano que vem ultrapassará o rádio, de acordo com o grupo.
"Nós veremos pessoas tirando dezenas de milhões de dólares em verbas da televisão e
transferindo-as para a mídia
on-line, e é nisso que todas essas empresas estão apostando",
disse Shar VanBoskirk, analista
da Forrester Research.
O boom na publicidade on-line também está reestruturando o mercado publicitário como um todo, com empresas que
controlam mídia on-line, como
Google, Yahoo e Microsoft
MSN, cada vez mais invadindo
áreas que costumavam ser dominadas pelas agências de publicidade como Omnicom
Group, WPP e Publicis.
"Subitamente temos duas
alas diferentes competindo na
mesma área: as empresas de
publicidade e as empresas que
controlam mídia", disse VanBoskirk.
Existem sinais de fricção, à
medida que grupos de mídia
on-line como o Google, muito
bem dotado de recursos, se expandem. O acordo de aquisição
da DoubleClick pelo Google foi
criticado por Martin Sorrell,
presidente-executivo do WPP
Group, segundo o qual a transação poderia incomodar os
anunciantes.
"Ela suscita questões sobre
nossa disposição de fornecer ao
Google dados que podem ser
muito valiosos", ele afirmou no
mês passado, durante a apresentação dos resultados trimestrais da WPP. "Os clientes
se preocuparão com o acesso
que o Google pode ter a informações controladas por eles."
Enquanto empresas como a
24/7 e a DoubleClick se concentram primordialmente na
distribuição de publicidade on-line em nome dos proprietários
de veículos na internet, a
aQuantive oferece à Microsoft
algumas capacidades mais amplas. Além da plataforma Atlas
de distribuição de publicidade,
ela também cria anúncios e planeja estratégia de mídia, entre
outras coisas, o que levaria a
Microsoft a segmentos de mercado nos quais o Google ainda
não estabeleceu posição.
"O anúncio de hoje [ontem]
representa o próximo passo na
evolução de nossa rede publicitária, do nosso investimento
inicial na MSN à rede mais ampla da Microsoft, que inclui o
Xbox Live, Windows Live e Office Live, e agora para a plena
capacidade da internet", disse
Steven Ballmer, presidente-executivo da Microsoft.
A empresa anunciou que o
acordo será concluído no ano
fiscal de 2008, que começa em
1º de julho, e que a fusão provavelmente terá de ser analisada
pelas autoridades antitruste.
O frenesi de aquisições no setor de publicidade on-line causou uma rápida escalada nas
avaliações de empresas alvos
de aquisição. A Microsoft está
pagando dez vezes o valor das
receitas estimadas da aQuantive. "Haverá um limite para essa
escalada de preços", disse Maurice Levy, presidente-executivo da Publicis, em recente entrevista. "O mercado atual está
vivendo uma espécie de bolha."
Dobson, da Microsoft, disse
que o preço que sua empresa
estava pagando se justificava
devido ao potencial de crescimento no mercado de publicidade on-line. "Sim, é um preço
alto, houve ágio", disse. "Mas
estamos pensando mais no médio e longo prazo do que nas dimensões atuais do mercado".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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