São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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Em cinco meses, argentinos fazem 11 mil protestos por todo o país

DE BUENOS AIRES

A Argentina foi palco de nada menos do que 11.088 manifestações e atos de protesto contra as instituições democráticas nos primeiros cinco meses deste ano, que reuniram um total de 600 mil pessoas. Só a Província de Buenos Aires, a mais rica e politizada do país, concentrou 44% das manifestações realizadas no período.
A grande maioria dos atos organizados pela população consistiu em concentrações de manifestantes em protesto contra o governo ou a classe política.
No entanto, os números divulgados pelo Indec (o IBGE local) incluem também bloqueios de ruas, piquetes e panelaços.
O descontentamento da população deve-se, principalmente, à degradação da situação econômica e social. Hoje, o governo já admite que 51,4% dos argentinos vivem abaixo da linha da pobreza. Consultorias do país também calculam que o índice de desemprego esteja em 25% da população economicamente ativa.
Os protestos populares sempre foram comuns na Argentina, mas começaram a fazer parte do cotidiano de todas as Províncias em dezembro do ano passado, quando o governo do presidente Fernando de la Rúa (1999-2001) criou o curralzinho. Com o dinheiro congelado nos bancos, a população se organizou e começou a realizar protestos diários.
Além da falta de avanços após a posse do presidente Eduardo Duhalde, denúncias de corrupção no governo e os diversos cortes no investimento em setores como educação e saúde também contribuíram para o aumento da revolta da população.

Tendência de queda
Segundo o estudo do Indec, o número de protestos começou a cair significativamente a partir de maio. O presidente Duhalde afirmou que essa tendência deve ser mantida nos próximos meses e que praticamente não houve incidentes violentos durante todas essas manifestações.
O menor fôlego dos protestos, no entanto, não foi causado por um menor descontentamento com o governo.
De acordo com o documento do Indec, as manifestações, na verdade, começaram a reunir mais pessoas a partir do mês passado.(JS)


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