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Em cinco meses, argentinos fazem 11 mil protestos por todo o país
DE BUENOS AIRES
A Argentina foi palco de nada menos do que 11.088 manifestações e atos de protesto contra as instituições democráticas nos primeiros cinco meses deste ano, que reuniram um total de 600 mil pessoas. Só a Província de Buenos
Aires, a mais rica e politizada do país, concentrou 44% das manifestações realizadas no período.
A grande maioria dos atos organizados pela população consistiu
em concentrações de manifestantes em protesto contra o governo
ou a classe política.
No entanto, os números divulgados pelo Indec (o IBGE local)
incluem também bloqueios de
ruas, piquetes e panelaços.
O descontentamento da população deve-se, principalmente, à
degradação da situação econômica e social. Hoje, o governo já admite que 51,4% dos argentinos vivem abaixo da linha da pobreza.
Consultorias do país também calculam que o índice de desemprego esteja em 25% da população
economicamente ativa.
Os protestos populares sempre
foram comuns na Argentina, mas
começaram a fazer parte do cotidiano de todas as Províncias em
dezembro do ano passado, quando o governo do presidente Fernando de la Rúa (1999-2001) criou
o curralzinho. Com o dinheiro
congelado nos bancos, a população se organizou e começou a realizar protestos diários.
Além da falta de avanços após a
posse do presidente Eduardo Duhalde, denúncias de corrupção no
governo e os diversos cortes no
investimento em setores como
educação e saúde também contribuíram para o aumento da revolta
da população.
Tendência de queda
Segundo o estudo do Indec, o
número de protestos começou a
cair significativamente a partir de
maio. O presidente Duhalde afirmou que essa tendência deve ser
mantida nos próximos meses e
que praticamente não houve incidentes violentos durante todas essas manifestações.
O menor fôlego dos protestos,
no entanto, não foi causado por
um menor descontentamento
com o governo.
De acordo com o documento do
Indec, as manifestações, na verdade, começaram a reunir mais pessoas a partir do mês passado.(JS)
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