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Entidades condenam regras da CCP
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades de advogados e juízes
consideram ineficiente e inócua a
portaria editada pelo governo para regular a atuação das CCPs (comissões de conciliação prévia) no
país e vão recorrer ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) para
pedir mudanças nessas normas.
Representantes da Abrat (Associação Brasileira de Advogados
Trabalhistas), do Sindicato dos
Advogados do Estado de São Paulo e da Comissão de Relações do
Trabalho da Assembléia Legislativa de São Paulo pediram na semana passada uma audiência ao TST
para tentar estabelecer regras
mais severas na portaria e na lei
9.958, que criou as CCPs no Brasil.
As comissões foram criadas
com o objetivo de resolver conflitos trabalhistas, mas estavam lesando trabalhadores, conforme
mostrou a Folha em reportagem
publicada no dia 19 de maio, ao
negociar direitos trabalhistas garantidos pela lei -como FGTS,
férias e 13º salário.
"A portaria é insuficiente porque não limita a possibilidade de
haver coação dos trabalhadores.
Qual a independência que um
empregado tem para negociar direitos enquanto é funcionário de
uma empresa e depende dela para
pagar seu salário?", pergunta Ricardo Gebrim, presidente do sindicato dos advogados. Ele defende a proibição de conciliações durante o curso do emprego.
Para o presidente da Anamatra
(Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho),
Hugo Melo Filho, é necessário
mudar a legislação que regulamentou as comissões para coibir
irregularidades. A entidade encaminhou em março à Comissão de
Legislação Participativa da Câmara dos Deputados Federal uma
sugestão para alterar a lei.
A Anamatra quer a proibição
clara de cobrança de taxas e percentuais sobre o valor do acordado nas comissões, além de defender a limitação do alcance dos
efeitos da conciliação. "Hoje, os
trabalhadores assinam o termo de
eficácia liberatória geral, que, na
prática, significa abrir mão de todos os direitos trabalhistas se
houver acordo na conciliação",
disse Mello.
A OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) deve lançar na
próxima semana uma campanha
pública pedindo a extinção das
comissões. "O objetivo é informar
o trabalhador, mostrando que a
conciliação pode dar quitação geral às suas reclamações trabalhistas", disse Valter Uzzo, secretário-geral da ordem.
Na avaliação do presidente da
Abrat, Luis Carlos Moro, a campanha não é corporativista porque não induz o trabalhador a recorrer à Justiça nem a contratar
um advogado particular. "O importante é que ele recorra a um
advogado público que possa esclarecer suas dúvidas. O que não
dá é para o trabalhador aceitar receber R$ 500 parcelado em cinco
vezes no lugar de dívidas trabalhistas que somam R$ 10 mil. É isso o que tem ocorrido", afirmou.
As entidades também são contra a obrigatoriedade de passar
por uma CCP, antes de entrar
com uma ação na Justiça do Trabalho. A OAB-SP também defende que a fiscalização seja feita pela Justiça. (CLAUDIA ROLLI)
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