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Meta de inflação para 2004 pode ser alterada
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva já estuda alterar a meta de inflação de 2004,
ajustada no começo do ano para
5,5%. As discussões aumentaram
nas últimas semanas, mas, pelo
menos por enquanto, ainda não
há consenso sobre o assunto dentro do governo.
De um lado, há na equipe econômica defensores de que esse
percentual seja aumentado, para
que o Banco Central tenha mais
folga na condução da política monetária -ou seja, possa cortar de
forma mais acentuada os juros
básicos da economia. Ontem, o
Banco Central promoveu um corte de 0,5 ponto percentual, derrubando a taxa Selic de 26,5% ao
ano para 26% ao ano.
De outro, há quem questione o
benefício de uma mudança, por
temer que o sistema de metas de
inflação caia no descrédito perante os agentes econômicos. Se isso
ocorresse, a credibilidade do Banco Central seria afetada, tornando
mais difícil a tarefa de combater a
inflação.
Entre as divisões de opiniões, há
um consenso entre os membros
da equipe econômica: a decisão
será política e, portanto, a palavra
final caberá ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
No grupo dos que defendem a
elevação da meta está o ministro
Guido Mantega (Planejamento),
que ontem não quis comentar a
definição das metas de inflação.
No ano passado, durante a campanha presidencial, Mantega disse que o governo Fernando Henrique Cardoso havia "forçado a
barra" ao definir as metas para este ano e para o próximo.
Oficialmente, a meta de 2004
ainda está em 3,75%, com margem de 2,5 pontos percentuais.
Mas em janeiro o CMN (Conselho
Monetário Nacional) resolveu
ajustar as metas deste ano, para
8,5%, e a de 2004, para 5,5%.
Credibilidade
Do outro lado da equipe econômica, estão o ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) e seus assessores diretos, que temem a
possibilidade de o Banco Central
perder credibilidade se a meta for
alterada.
As discussões sobre mudanças
na meta intensificaram-se nas últimas semanas com a aproximação da reunião do CMN deste
mês, que ocorre na terça da semana que vem e na qual será definida
a meta de 2005, a primeira realmente estabelecida por Lula.
Tecnicamente, a meta (ou seu
raio, incluindo a margem de tolerância) a ser definida não deve ser
maior do que a do ano anterior,
pois passaria ao mercado a impressão de que o Banco Central
iria permitir uma inflação maior
e, com isso, descuidar da política
monetária.
O BC tem de estar de olho sempre na trajetória da inflação. Se a
meta para 2005 fosse definida, por
exemplo, em 7,5% (5% de alvo
central, mais dois pontos e meio
de margem), seria factível acreditar que o BC não estaria preocupado em fazer com que a inflação
convergisse para os 5,5% de 2004.
Assim, se o governo decidisse
dar uma folga maior ao BC em
2005, teria que mexer também na
meta de 2004. O BC não cumpriu
as metas de 2001 e 2002, e a deste
ano, de 8,5%, mesmo depois do
ajuste, está praticamente descartada.
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