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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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NY elogia corte, mas não crê em nova queda

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Analistas nova-iorquinos elogiaram o corte das taxas de juros determinado pelo Banco Central, mas foram cautelosos ao falar sobre a continuidade na queda da taxa.
"Foi uma decisão correta", diz Paulo Vieira da Cunha, economista-chefe do HSBC para a América Latina. "Agora, sabemos que em julho e em agosto virão outros repiques de preços administrados. Por isso, acho que temos de ter cautela", afirma.
Chefe da área do banco de investimentos do Citigroup para a região, Carlos Guimarães aponta direção semelhante. "A perspectiva é de inflação declinante, o que é muito positivo. Mas acho que o mais importante é que o Banco Central tem atuado de forma muito firme, ajustando a taxa de juros à perspectiva inflacionária. Esse é o critério", diz.
Já Felipe Illanes, estrategista-chefe do banco Merrill Lynch, esperava que a redução ocorre apenas no próximo mês. "Em julho seria muito diferente. Já se estaria projetando a inflação de 2004. Pode haver algum custo no entendimento do mercado sobre o caminho da Selic de agora em diante", afirma ele.
Nenhum dos três analistas aponta, por enquanto, queda na taxa de juros na próxima reunião do Copom, no mês que vem.
"A minha sensação é o que o Copom vai poder dar uma redução drástica por volta de setembro ou outubro. Vai ser uma sinalização clara de que o processo "desinflacionário" terminou", diz Vieira da Cunha.
Em setembro, aponta ele, o núcleo da inflação dessazonalizada já estaria por volta de 7%, o objetivo do ano que vem. "A partir daí a política monetária pode se tornar neutra e se acomodar um pouco, permitindo a retomada da economia sem que se provoque sustos, dado o baixo nível do PIB potencial brasileiro."
A atenção agora, diz Vieira da Cunha, vai se voltar para as perspectivas da taxa de juros real, que deverá subir. "Mesmo que se tenha queda da taxa de juro nominal, é muito provável que a expectativa de inflação caia mais rapidamente. Isso faz com que aumente a expectativa de taxa de juros real, que é o que conta."
Em sua opinião, a valorização do real foi o fator que conduziu o Copom à decisão de ontem. "Não fosse esse comportamento da taxa de câmbio, a taxa de juros poderia até ter ficado como estava. Mas, na margem, a apreciação muito forte é também recessiva, também traz para baixo o nível de atividade econômica", afirma o economista.


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