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NY elogia corte, mas não crê em nova queda
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Analistas nova-iorquinos elogiaram o corte das taxas de juros
determinado pelo Banco Central,
mas foram cautelosos ao falar sobre a continuidade na queda da
taxa.
"Foi uma decisão correta", diz
Paulo Vieira da Cunha, economista-chefe do HSBC para a
América Latina. "Agora, sabemos
que em julho e em agosto virão
outros repiques de preços administrados. Por isso, acho que temos de ter cautela", afirma.
Chefe da área do banco de investimentos do Citigroup para a
região, Carlos Guimarães aponta
direção semelhante. "A perspectiva é de inflação declinante, o que é
muito positivo. Mas acho que o
mais importante é que o Banco
Central tem atuado de forma
muito firme, ajustando a taxa de
juros à perspectiva inflacionária.
Esse é o critério", diz.
Já Felipe Illanes, estrategista-chefe do banco Merrill Lynch, esperava que a redução ocorre apenas no próximo mês. "Em julho
seria muito diferente. Já se estaria
projetando a inflação de 2004. Pode haver algum custo no entendimento do mercado sobre o caminho da Selic de agora em diante",
afirma ele.
Nenhum dos três analistas
aponta, por enquanto, queda na
taxa de juros na próxima reunião
do Copom, no mês que vem.
"A minha sensação é o que o
Copom vai poder dar uma redução drástica por volta de setembro ou outubro. Vai ser uma sinalização clara de que o processo
"desinflacionário" terminou", diz
Vieira da Cunha.
Em setembro, aponta ele, o núcleo da inflação dessazonalizada
já estaria por volta de 7%, o objetivo do ano que vem. "A partir daí a
política monetária pode se tornar
neutra e se acomodar um pouco,
permitindo a retomada da economia sem que se provoque sustos,
dado o baixo nível do PIB potencial brasileiro."
A atenção agora, diz Vieira da
Cunha, vai se voltar para as perspectivas da taxa de juros real, que
deverá subir. "Mesmo que se tenha queda da taxa de juro nominal, é muito provável que a expectativa de inflação caia mais rapidamente. Isso faz com que aumente a expectativa de taxa de juros real, que é o que conta."
Em sua opinião, a valorização
do real foi o fator que conduziu o
Copom à decisão de ontem. "Não
fosse esse comportamento da taxa de câmbio, a taxa de juros poderia até ter ficado como estava.
Mas, na margem, a apreciação
muito forte é também recessiva,
também traz para baixo o nível de
atividade econômica", afirma o
economista.
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