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Ao pedir empréstimo, empresas e consumidor não vão notar queda
DA REPORTAGEM LOCAL
O tomador final de crédito praticamente não sentirá alívio com a
redução de meio ponto percentual na taxa básica de juros.
Um levantamento da Anefac
(Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração
e Contabilidade) mostra que a
queda nas taxas para pessoa física,
que incluem juros cobrados pelo
comércio, cheque especial, cartão
de crédito e empréstimo nos bancos, será irrisória. O mesmo ocorrerá nas linhas de crédito para
pessoa jurídica.
A explicação, segundo a Anefac,
para as taxas finais quase não caírem, é justamente o fato de existir
uma diferença muito grande entre a Selic (a taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central) e
a cobrada de consumidores e empresas. No caso de pessoas físicas,
os juros médios anuais atingem
os 165% -enquanto a nova taxa
Selic foi fixada em 26%.
Tome-se o exemplo do comércio varejista. Com a ""antiga" taxa
Selic em 26,5%, os juros médios
mensais estavam em 6,74%
(118,74% ao ano). Pela projeção
da Anefac, com a Selic em 26% ao
ano, a nova taxa para o consumidor será de 6,7% ao mês (117,76%
ao ano). As taxas médias de juros
de cheque especial vão passar de
9,77% para 9,73% e a de empréstimos CDC (Crédito Direto ao Consumidor), com outra redução insignificante, de 6,6% para 6,56%,
segundo o estudo (veja outras
projeções feitas pela Anefac no
quadro acima).
""Faremos redução ao consumidor, mas ela, de fato será irrisória", diz Oswaldo de Freitas Queiroz, sócio-diretor da Servloj, que
administra o crediário de cerca de
600 lojas em São Paulo e Paraná.
O empresário argumenta que, na
composição dos juros cobrados
de consumidores e empresas, são
contabilizados, além do custo do
dinheiro, a inadimplência, os tributos e taxas de administração.
""O único item que a redução da
Selic altera é o custo do dinheiro",
afirma Queiroz. ""Mas, por menor
que seja [a redução], é uma sinalização, que pode estimular as vendas", completa.
De acordo com o executivo, o
número de operações de crédito
no comércio varejista reduziu-se
em 8% neste ano em comparação
aos seis primeiros meses de 2002.
Para pessoas jurídicas, o empréstimo de capital de giro passaria, segundo a estimativa da Anefac, de uma taxa média de 4,76%
ao mês (com a Selic em 26,5%)
para cerca de 4,72%.
Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, avalia que,
se considerada a ""gordura" existente nas atuais taxas cobradas
dos tomadores finais de crédito,
os bancos podem efetuar cortes
superiores, tanto para pessoas físicas quanto para as jurídicas, aos
do efeito direto da Selic.
Oliveira lembra que, entre maio
de 1999 e maio de 2003, o BC reduziu a Selic de 45% para 26,5%, o
que significa, em termos percentuais, queda de 41,11%. Entretanto
as taxas cobradas "na ponta" caíram, na média, somente 33,78%.
Mas lembra que, ao diminuir a
Selic, o governo diminui a atratividade dos títulos públicos.
Em tese, os bancos, para manter
sua rentabilidade, seriam obrigados a destinar mais recursos a
operações de crédito. Com maior
volume de crédito disponível, haveria concorrência entre os bancos, à procura de clientes, o que
provocaria uma queda nas taxas
finais.
(JAD)
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