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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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Ao pedir empréstimo, empresas e consumidor não vão notar queda

DA REPORTAGEM LOCAL

O tomador final de crédito praticamente não sentirá alívio com a redução de meio ponto percentual na taxa básica de juros.
Um levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) mostra que a queda nas taxas para pessoa física, que incluem juros cobrados pelo comércio, cheque especial, cartão de crédito e empréstimo nos bancos, será irrisória. O mesmo ocorrerá nas linhas de crédito para pessoa jurídica.
A explicação, segundo a Anefac, para as taxas finais quase não caírem, é justamente o fato de existir uma diferença muito grande entre a Selic (a taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central) e a cobrada de consumidores e empresas. No caso de pessoas físicas, os juros médios anuais atingem os 165% -enquanto a nova taxa Selic foi fixada em 26%.
Tome-se o exemplo do comércio varejista. Com a ""antiga" taxa Selic em 26,5%, os juros médios mensais estavam em 6,74% (118,74% ao ano). Pela projeção da Anefac, com a Selic em 26% ao ano, a nova taxa para o consumidor será de 6,7% ao mês (117,76% ao ano). As taxas médias de juros de cheque especial vão passar de 9,77% para 9,73% e a de empréstimos CDC (Crédito Direto ao Consumidor), com outra redução insignificante, de 6,6% para 6,56%, segundo o estudo (veja outras projeções feitas pela Anefac no quadro acima).
""Faremos redução ao consumidor, mas ela, de fato será irrisória", diz Oswaldo de Freitas Queiroz, sócio-diretor da Servloj, que administra o crediário de cerca de 600 lojas em São Paulo e Paraná. O empresário argumenta que, na composição dos juros cobrados de consumidores e empresas, são contabilizados, além do custo do dinheiro, a inadimplência, os tributos e taxas de administração.
""O único item que a redução da Selic altera é o custo do dinheiro", afirma Queiroz. ""Mas, por menor que seja [a redução], é uma sinalização, que pode estimular as vendas", completa.
De acordo com o executivo, o número de operações de crédito no comércio varejista reduziu-se em 8% neste ano em comparação aos seis primeiros meses de 2002.
Para pessoas jurídicas, o empréstimo de capital de giro passaria, segundo a estimativa da Anefac, de uma taxa média de 4,76% ao mês (com a Selic em 26,5%) para cerca de 4,72%.
Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, avalia que, se considerada a ""gordura" existente nas atuais taxas cobradas dos tomadores finais de crédito, os bancos podem efetuar cortes superiores, tanto para pessoas físicas quanto para as jurídicas, aos do efeito direto da Selic.
Oliveira lembra que, entre maio de 1999 e maio de 2003, o BC reduziu a Selic de 45% para 26,5%, o que significa, em termos percentuais, queda de 41,11%. Entretanto as taxas cobradas "na ponta" caíram, na média, somente 33,78%.
Mas lembra que, ao diminuir a Selic, o governo diminui a atratividade dos títulos públicos.
Em tese, os bancos, para manter sua rentabilidade, seriam obrigados a destinar mais recursos a operações de crédito. Com maior volume de crédito disponível, haveria concorrência entre os bancos, à procura de clientes, o que provocaria uma queda nas taxas finais. (JAD)


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