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ESTADO ENXUTO
Queda é decorrente da menor capacidade de investimento do Estado após as privatizações
Obras públicas perdem espaço na construção
civil do país, diz IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Como reflexo das privatizações e da redução da capacidade
de investimento do Estado, as
obras públicas perderam peso
na construção civil. Em 1996,
elas representavam 60% do valor total das construções feitas
no país. Cinco anos depois, em
2001, o percentual caiu para
45,8%. Os dados são da Pesquisa
Anual da Construção Civil, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística).
"A redução mostra o enxugamento do papel do Estado nesse
setor desde as privatizações.
Além disso, diminuiu o porte
das obras. Endividado e com sua
capacidade de gastos reduzida,
o Estado não investiu muito em
grandes projetos de infra-estrutura", afirmou Mariana Rebouças, economista do Departamento de Indústria do IBGE.
Perderam mais espaço nas
obras públicas as empreiteiras
de maior porte -acima de 500
empregados. Sua participação
era de 58,9% no valor total das
encomendas dos governos federal, estaduais e municipais. Caiu
para 51,2% em 2001. Já as pequenas (de 40 a 99 empregados) ganharam, passando de 10,4% para 17,9%.
Para o IBGE, o motivo para essa desconcentração é que as
obras hoje são menores e menos
complexas, abrindo espaço para
as pequenas empreiteiras.
Mesmo assim, o setor continua concentrado. Listadas pelo
faturamento, as cem maiores
empresas (2,1% do total) abocanharam 38% das obras. Ficaram
ainda com 58% do lucro.
Faturamento em queda
Na comparação com 2000, o
faturamento do setor caiu 1,1%
em 2001. O rendimento e o emprego tiveram pequenas altas:
0,4% e 0,6%, respectivamente.
O PIB (Produto Interno Bruto) do setor, considerando apenas as empresas formais e com
mais de 40 empregados (a
amostra da pesquisa), teve queda de 0,3% em 2001.
A tendência, diz Rebouças,
também é de retração do PIB do
setor em 2003. Se confirmado,
será o terceiro ano seguido de
desempenho negativo. Em 2002,
houve queda de 2,52%.
Em 2001, a construção civil gerou receita de R$ 41 bilhões. Empregou 673,8 mil pessoas, com
renda média de 4,1 salários mínimos por mês.
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