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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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ESTADO ENXUTO

Queda é decorrente da menor capacidade de investimento do Estado após as privatizações

Obras públicas perdem espaço na construção civil do país, diz IBGE

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Como reflexo das privatizações e da redução da capacidade de investimento do Estado, as obras públicas perderam peso na construção civil. Em 1996, elas representavam 60% do valor total das construções feitas no país. Cinco anos depois, em 2001, o percentual caiu para 45,8%. Os dados são da Pesquisa Anual da Construção Civil, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"A redução mostra o enxugamento do papel do Estado nesse setor desde as privatizações. Além disso, diminuiu o porte das obras. Endividado e com sua capacidade de gastos reduzida, o Estado não investiu muito em grandes projetos de infra-estrutura", afirmou Mariana Rebouças, economista do Departamento de Indústria do IBGE.
Perderam mais espaço nas obras públicas as empreiteiras de maior porte -acima de 500 empregados. Sua participação era de 58,9% no valor total das encomendas dos governos federal, estaduais e municipais. Caiu para 51,2% em 2001. Já as pequenas (de 40 a 99 empregados) ganharam, passando de 10,4% para 17,9%.
Para o IBGE, o motivo para essa desconcentração é que as obras hoje são menores e menos complexas, abrindo espaço para as pequenas empreiteiras.
Mesmo assim, o setor continua concentrado. Listadas pelo faturamento, as cem maiores empresas (2,1% do total) abocanharam 38% das obras. Ficaram ainda com 58% do lucro.

Faturamento em queda
Na comparação com 2000, o faturamento do setor caiu 1,1% em 2001. O rendimento e o emprego tiveram pequenas altas: 0,4% e 0,6%, respectivamente.
O PIB (Produto Interno Bruto) do setor, considerando apenas as empresas formais e com mais de 40 empregados (a amostra da pesquisa), teve queda de 0,3% em 2001.
A tendência, diz Rebouças, também é de retração do PIB do setor em 2003. Se confirmado, será o terceiro ano seguido de desempenho negativo. Em 2002, houve queda de 2,52%.
Em 2001, a construção civil gerou receita de R$ 41 bilhões. Empregou 673,8 mil pessoas, com renda média de 4,1 salários mínimos por mês.


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