São Paulo, domingo, 19 de junho de 2005

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Em Sorriso, estrada divide Daslu e miséria

DO ENVIADO A MATO GROSSO

O prefeito de Sorriso, Dilceu Rossato (PPS), fica sem graça quando o repórter lhe pergunta sobre o IDH do município. "Esse negócio de IDH foi meio falsificado", dispara. Depois se arrepende: "Apaga isso aí".
Principal município plantador de soja do país, Sorriso ficou famoso pela divulgação, em 2003, de que a cidade tinha o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano do Estado. Os dados, de 2000, refletiriam o enriquecimento e a distribuição de renda causados pelo boom agrícola.
Apesar de ter elevado o PIB per capita do município -de R$ 461, em 2000, para R$ 2.000, em 2005- e de movimentar a economia regional, a soja não fez milagre. Mecanizada, ela concentrou renda e empregos qualificados. "O município não tem mais área para abrir [desmatar]. Não tem vaga para mão-de-obra sem qualificação", afirma Rossato.
O que existe são duas Sorrisos, cortadas ao meio pela BR-163. De um lado, a cidade próspera que vende a grife Daslu. Do outro, atrás do distrito industrial, ruas sem asfalto e com casas de madeira, onde vivem trabalhadores da lavoura.
Pior, a divulgação do IDH inchou a cidade. "Há cinco ônibus que chegam todo dia com gente", diz o prefeito, que estuda uma forma de restringir a imigração. "Aumentamos em 36% o número de crianças na escola, mas a saúde só cumpre 42% dos critérios do governo." (CA)


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