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Em Sorriso,
estrada divide
Daslu e miséria
DO ENVIADO A MATO GROSSO
O prefeito de Sorriso, Dilceu Rossato (PPS), fica sem
graça quando o repórter lhe
pergunta sobre o IDH do
município. "Esse negócio de
IDH foi meio falsificado",
dispara. Depois se arrepende: "Apaga isso aí".
Principal município plantador de soja do país, Sorriso
ficou famoso pela divulgação, em 2003, de que a cidade tinha o segundo maior
Índice de Desenvolvimento
Humano do Estado. Os dados, de 2000, refletiriam o
enriquecimento e a distribuição de renda causados
pelo boom agrícola.
Apesar de ter elevado o
PIB per capita do município
-de R$ 461, em 2000, para
R$ 2.000, em 2005- e de
movimentar a economia regional, a soja não fez milagre. Mecanizada, ela concentrou renda e empregos qualificados. "O município não
tem mais área para abrir
[desmatar]. Não tem vaga
para mão-de-obra sem qualificação", afirma Rossato.
O que existe são duas Sorrisos, cortadas ao meio pela
BR-163. De um lado, a cidade próspera que vende a grife Daslu. Do outro, atrás do
distrito industrial, ruas sem
asfalto e com casas de madeira, onde vivem trabalhadores da lavoura.
Pior, a divulgação do IDH
inchou a cidade. "Há cinco
ônibus que chegam todo dia
com gente", diz o prefeito,
que estuda uma forma de
restringir a imigração. "Aumentamos em 36% o número de crianças na escola, mas
a saúde só cumpre 42% dos
critérios do governo."
(CA)
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