São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PREÇOS
Estimativa feita logo após a máxi era de até 12%; segunda quadrissemana de junho registra deflação de 0,35%
Fipe prevê inflação de 5% neste ano

MAURO ZAFALON
da Redação

Apesar da desvalorização do real em janeiro, do tarifaço das últimas semanas e da entrada em vigor da CPMF, a inflação vai continuar recuando em relação ao que se previa anteriormente. Agora, a Fipe já está prevendo uma taxa próxima a 5% para 1999, bem abaixo dos 12% esperados logo após a desvalorização do real.
Essa pressão menor dos preços, que acaba provocando uma taxa mais amena de inflação para os paulistanos, se deve à conjugação de vários fatores, diz Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
Os preços ainda sofrem os efeitos da recessão, diz ele. Só a partir do terceiro trimestre é que a recuperação da economia deverá ser sentida, e de forma lenta. Na segunda quadrissemana de junho a taxa foi novamente de deflação (-0,35%).
A abertura da economia nesta década também está sendo um fator preponderante para a queda de preços. Para enfrentar a concorrência externa, as indústrias reduziram seus gastos e tornaram seus produtos mais competitivos no mercado. Ou seja, o ganho de produtividade permitiu uma redução de preços, diz Heron do Carmo.
O ganho de produtividade não ficou só na indústria, diz o economista. Ocorreu também na agricultura e agora está sendo registrado também no comércio.
Um dos principais setores de ganho de competitividade no comércio foi o de supermercados, que hoje operam com margens bem menores do que antes, diz ele.
Para o economista da Fipe, essa preocupação de todos os setores econômicos de eliminar as ineficiências tem permitido uma redução de preços.
Heron do Carmo está apostando em 5% para este ano - se não houver geada nas próximas semanas- porque não há fortes pressões de preços nos próximos meses. Neste mês, por exemplo, os preços devem ficar estáveis. E, se ficarem estáveis, a inflação do semestre será de 2,6%, bem abaixo dos 8% previstos para o período janeiro-junho deste ano logo após a desvalorização do real.
Para que a inflação fique próxima de 5% em 99, as taxas médias de julho a dezembro terão de ficar em 0,4%. Esse percentual é viável porque a média prevista para o trimestre julho setembro, que sofrerá o impacto dos reajustes de tarifas públicas, é de apenas 0,2% ao mês.
O economista da Fipe aposta em uma taxa moderada de inflação no segundo semestre, ainda porque os produtos industrializados, que deveriam continuar pressionando devido aos efeitos da desvalorização, já começam a perder fôlego. Ou seja, já assimilaram os efeitos da desvalorização do real, o que era previsto que acontecesse em um período bem mais longo.
Na segunda quadrissemana de junho, por exemplo, os produtos de limpeza recuaram 1,17% em média. Os aparelhos de imagem e de som, os itens de maiores altas após a desvalorização do real, já estão em queda e, nos últimos 30 dias, recuaram 0,75%.
Em julho, a taxa de inflação começa a receber os impactos das tarifas públicas, do álcool e dos remédios, que estão subindo. Mas o setor de vestuário vai entrar em período de liquidações. A previsão é de 0,2% no próximo mês.


Texto Anterior: Painel S/A
Próximo Texto: Impacto da CPMF deve ser pequeno
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.