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PREÇOS
Estimativa feita logo após a máxi era de até 12%; segunda quadrissemana de junho registra deflação de 0,35%
Fipe prevê inflação de 5% neste ano
MAURO ZAFALON
da Redação
Apesar da desvalorização do real
em janeiro, do tarifaço das últimas
semanas e da entrada em vigor da
CPMF, a inflação vai continuar recuando em relação ao que se previa anteriormente. Agora, a Fipe já
está prevendo uma taxa próxima a
5% para 1999, bem abaixo dos 12%
esperados logo após a desvalorização do real.
Essa pressão menor dos preços,
que acaba provocando uma taxa
mais amena de inflação para os
paulistanos, se deve à conjugação
de vários fatores, diz Heron do
Carmo, coordenador do Índice de
Preços ao Consumidor da Fipe.
Os preços ainda sofrem os efeitos
da recessão, diz ele. Só a partir do
terceiro trimestre é que a recuperação da economia deverá ser sentida, e de forma lenta. Na segunda
quadrissemana de junho a taxa foi
novamente de deflação (-0,35%).
A abertura da economia nesta
década também está sendo um fator preponderante para a queda de
preços. Para enfrentar a concorrência externa, as indústrias reduziram seus gastos e tornaram seus
produtos mais competitivos no
mercado. Ou seja, o ganho de produtividade permitiu uma redução
de preços, diz Heron do Carmo.
O ganho de produtividade não ficou só na indústria, diz o economista. Ocorreu também na agricultura e agora está sendo registrado também no comércio.
Um dos principais setores de ganho de competitividade no comércio foi o de supermercados, que
hoje operam com margens bem
menores do que antes, diz ele.
Para o economista da Fipe, essa
preocupação de todos os setores
econômicos de eliminar as ineficiências tem permitido uma redução de preços.
Heron do Carmo está apostando
em 5% para este ano - se não
houver geada nas próximas semanas- porque não há fortes pressões de preços nos próximos meses. Neste mês, por exemplo, os
preços devem ficar estáveis. E, se
ficarem estáveis, a inflação do semestre será de 2,6%, bem abaixo
dos 8% previstos para o período janeiro-junho deste ano logo após a
desvalorização do real.
Para que a inflação fique próxima de 5% em 99, as taxas médias
de julho a dezembro terão de ficar
em 0,4%. Esse percentual é viável
porque a média prevista para o trimestre julho setembro, que sofrerá
o impacto dos reajustes de tarifas
públicas, é de apenas 0,2% ao mês.
O economista da Fipe aposta em
uma taxa moderada de inflação no
segundo semestre, ainda porque
os produtos industrializados, que
deveriam continuar pressionando
devido aos efeitos da desvalorização, já começam a perder fôlego.
Ou seja, já assimilaram os efeitos
da desvalorização do real, o que
era previsto que acontecesse em
um período bem mais longo.
Na segunda quadrissemana de
junho, por exemplo, os produtos
de limpeza recuaram 1,17% em
média. Os aparelhos de imagem e
de som, os itens de maiores altas
após a desvalorização do real, já estão em queda e, nos últimos 30
dias, recuaram 0,75%.
Em julho, a taxa de inflação começa a receber os impactos das tarifas públicas, do álcool e dos remédios, que estão subindo. Mas o
setor de vestuário vai entrar em
período de liquidações. A previsão
é de 0,2% no próximo mês.
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