São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
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Impacto da CPMF deve ser pequeno

da Reportagem Local

O aumento da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) de 0,20% para 0,38% pode elevar os preços dos produtos em até 1,5% no período de seis meses, segundo José Humberto Pires de Araújo, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
Os produtos mais elaborados, na sua análise, serão os mais afetados pela alta do imposto, pois passam por mais etapas no processo de fabricação. Os básicos já sofrerão menos os efeitos da CPMF -em seis meses, diz Araújo, os preços dos básicos podem subir 0,5%.
"Como esse imposto tem efeito em cascata, quanto mais etapas de produção, maior será o impacto nos preços. Mas vale lembrar que o imposto atinge diferentemente cada produto e a cadeia produtiva vai estudar o que é possível absorver."
Araújo diz que os supermercados vão ter muita dificuldade para repassar a alta do imposto para os preços por conta da recessão. "Algumas empresas vão conseguir absorver e outras não. A negociação será intensa."
O presidente da Abras lembra que quando o dólar disparou, em fevereiro, a tentativa das empresas para aumentar preços foi grande, mas depois "todo mundo recuou". É provável agora, diz, que ocorra o mesmo.
Para Omar Assaf, presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), o impacto da CPMF nos preços não acontecerá de uma única vez. "Ninguém terá coragem de fazer isso, não há mercado que possibilite esse aumento."
Mas é fato também, diz, que os supermercados não têm condições de absorver o aumento do imposto. Nos cálculos de Assaf, a alta da CPMF vai resultar num aumento de preços da ordem de 1% ao longo dos próximos seis meses.
Segundo Assaf, a negociação entre as indústrias e os supermercados não será fácil. "Vai ter muita negociação para que os preços não subam."
Para Heron do Carmo, da Fipe, o impacto da CPMF nos preços, se ocorrer, será mínimo e impossível de ser medido.
Quanto aos reajustes prometidos por associações de classes, Heron do Carmo diz que elas existem para isso. "É dever de ofício delas a defesa de sua categoria", afirma.
A economia não comporta mais aumentos, segundo Heron do Carmo. Se houvesse folga de demanda, já teríamos tido reajustes por conta do efeito-câmbio e para acertos de margens, diz. (FF e MZ)


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