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Governo quer "carro do trabalhador"
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro do Trabalho, Jaques
Wagner, confirmou que o governo estuda a criação, em parceria
com fabricantes de veículos e com
trabalhadores, do chamado "carro do trabalhador", a preços mais
acessíveis do que os carros populares. O objetivo é alavancar as
vendas e evitar a crise no setor.
A idéia, segundo Wagner, é financiar a compra de veículos para
famílias de menor renda que
queiram adquirir o seu primeiro
carro ou trocar o mais antigo.
"O carro popular deixou de ser
popular. Estudamos a abertura de
uma linha de financiamento ou
um modelo de consórcio popular
para famílias com renda de até,
por exemplo, dez mínimos. A faixa ainda não está definida", disse.
O projeto, porém, não é consensual no governo. Durante o Congresso do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ontem, o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho, afirmou que "não há fórmula
mágica. Não adianta tentar impulsionar esse setor se a renda da
população está em queda", disse.
O preço dos carros populares
(até mil cilindradas) varia hoje de
R$ 14.790, custo do Uno Mille
(modelo básico da Fiat), a R$ 33
mil -preço do Novo Fiesta Supercharger (modelo da Ford, que
inclui acessórios).
Em 93, quando foi criado o conceito de carro popular, as montadoras tiveram redução do IPI
(Imposto sobre Produto Industrializado) de 14% para 0,1%.
Após mudanças na tributação,
hoje o imposto pago é de 9%.
O "carro do trabalhador", que
vem sendo discutido pela Anfavea (associação das montadoras)
e pelos metalúrgicos, prevê prestações fixas -em torno de R$
300- por prazos mais longos.
Para garantir juros baixos e vender mais veículos populares, o governo estuda novos incentivos fiscais. Outra proposta é diminuir o
compulsório recolhido pelos bancos das montadoras para sustentar esse modelo de financiamento. Os bancos são obrigados hoje a
recolher ao BC (Banco Central)
60% dos depósitos à vista, ou seja,
sobram menos recursos disponíveis para empréstimos, o que torna o crédito para o consumidor final mais caro. Mas as negociações
ainda envolvem o Ministério da
Fazenda, o Tesouro e o BC.
De acordo com o presidente da
CNM-CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Fernando Lopes, o consórcio popular
pode incentivar a venda de carros
populares. "O crédito poderia sair
de cooperativas populares, que
cobram taxas menores do que dos
bancos."
O presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, José Lopez
Feijóo, diz que não deve ser criado
um novo carro, mas, sim, o conceito do carro popular, criado na
câmara do setor automotivo.
"Tudo está sendo negociado.
Mas esse projeto está vinculado
ao lançamento do Modercarga
[financiamento de caminhões
com juros subsidiados e prazos de
até 60 meses para pequenos frotistas e autônomos]. Enquanto esse acordo não for fechado, outros
não virão."
(CR e CC)
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