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São Paulo, sábado, 19 de julho de 2003

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Governo quer "carro do trabalhador"

DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro do Trabalho, Jaques Wagner, confirmou que o governo estuda a criação, em parceria com fabricantes de veículos e com trabalhadores, do chamado "carro do trabalhador", a preços mais acessíveis do que os carros populares. O objetivo é alavancar as vendas e evitar a crise no setor.
A idéia, segundo Wagner, é financiar a compra de veículos para famílias de menor renda que queiram adquirir o seu primeiro carro ou trocar o mais antigo.
"O carro popular deixou de ser popular. Estudamos a abertura de uma linha de financiamento ou um modelo de consórcio popular para famílias com renda de até, por exemplo, dez mínimos. A faixa ainda não está definida", disse.
O projeto, porém, não é consensual no governo. Durante o Congresso do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ontem, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, afirmou que "não há fórmula mágica. Não adianta tentar impulsionar esse setor se a renda da população está em queda", disse.
O preço dos carros populares (até mil cilindradas) varia hoje de R$ 14.790, custo do Uno Mille (modelo básico da Fiat), a R$ 33 mil -preço do Novo Fiesta Supercharger (modelo da Ford, que inclui acessórios).
Em 93, quando foi criado o conceito de carro popular, as montadoras tiveram redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) de 14% para 0,1%. Após mudanças na tributação, hoje o imposto pago é de 9%.
O "carro do trabalhador", que vem sendo discutido pela Anfavea (associação das montadoras) e pelos metalúrgicos, prevê prestações fixas -em torno de R$ 300- por prazos mais longos.
Para garantir juros baixos e vender mais veículos populares, o governo estuda novos incentivos fiscais. Outra proposta é diminuir o compulsório recolhido pelos bancos das montadoras para sustentar esse modelo de financiamento. Os bancos são obrigados hoje a recolher ao BC (Banco Central) 60% dos depósitos à vista, ou seja, sobram menos recursos disponíveis para empréstimos, o que torna o crédito para o consumidor final mais caro. Mas as negociações ainda envolvem o Ministério da Fazenda, o Tesouro e o BC.
De acordo com o presidente da CNM-CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Fernando Lopes, o consórcio popular pode incentivar a venda de carros populares. "O crédito poderia sair de cooperativas populares, que cobram taxas menores do que dos bancos."
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, diz que não deve ser criado um novo carro, mas, sim, o conceito do carro popular, criado na câmara do setor automotivo.
"Tudo está sendo negociado. Mas esse projeto está vinculado ao lançamento do Modercarga [financiamento de caminhões com juros subsidiados e prazos de até 60 meses para pequenos frotistas e autônomos]. Enquanto esse acordo não for fechado, outros não virão." (CR e CC)


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