ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

A invasão verde e amarela que tanto incomoda alguns setores da indústria argentina é mais do que bem-vinda para os empresários que atuam nas áreas de turismo e hotelaria. Desde o fim da paridade cambial entre o peso e o dólar -em janeiro de 2002-, o país registra aumento constante no número de turistas brasileiros.
Dados da Secretaria de Turismo mostram que no primeiro semestre deste ano 83,2 mil brasileiros viajaram para a Argentina, 60% mais do que no mesmo período de 2002. Esse turista gastou, em média, US$ 150 por dia. Como o tempo de permanência é, em geral, de uma semana, isso significa US$ 87,36 milhões de receita.
Os principais destinos dos brasileiros são as cidades de Buenos Aires e de Bariloche. A temporada de inverno -que começou neste mês e vai até o fim de agosto- é o pico da invasão. Bariloche, apelidada pelos argentinos de "Brasiloche", recebe em média seis vôos diários vindos do Brasil.
O empresariado local estima que pelo menos 20 mil brasileiros deverão passar por lá -o recorde é de 1989, quando a cidade recebeu 24 mil.
"Nós agradecemos a invasão dos brasileiros. Queremos agora que eles comecem a invadir também o norte do país e não apenas Buenos Aires e Bariloche", afirma Daniel Ariosto, presidente da Fecatur (Federação das Câmaras de Turismo da Argentina).
Em 2001, a Argentina recebeu 300 mil turistas do Brasil. Em 2002, foram 379 mil, que gastaram US$ 268 milhões. A expectativa é que esse número dobre em 2003, já que o pico da temporada de inverno está só começando. As agências de turismo de Bariloche estimam receber 222 mil turistas neste ano, 78 mil só neste mês. Desse total, 15% serão brasileiros.
O preço menor, as dificuldades para obter um visto para visitar os EUA após os atentados de 11 de setembro e o euro mais valorizado são apenas alguns dos fatores que influenciaram a procura pela Argentina nos roteiros turísticos dos brasileiros.
O fato é que, além do empresariado local, as operadores de turismo do Brasil também comemoram. A venda de pacotes para o país duplicaram e, algumas, já estudam projetos para promover o turismo na Argentina durante todo o ano.

Crescimento
A economia argentina cresceu 7,1% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado e 0,4% em relação a abril, segundo dados do Indec, o instituto de estatísticas do país.


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