São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

APAGÃO VERMELHO

País restringe ar-condicionado e suspende atividade de empresas

China trabalha à noite para poupar luz

Claro Cortes - 14.jul.04/Reuters
Vista noturna de Xangai, onde luzes de prédios são apagadas quando a temperatura passa de 35ºC


CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

O alto consumo de energia durante o verão chinês levou os governos das cidades mais industrializadas do país a obrigar milhares de empresas a trabalharem à noite e no fim de semana ou a interromperem suas atividades por determinados períodos.
Na sexta-feira passada, a cidade de Xangai mudou para a noite o horário de funcionamento de 400 empresas, que se somaram a outras 1.900 já atingidas pela medida. Outras 3.000 companhias instaladas na maior cidade da China estão se revezando em turnos diurnos e noturnos.
O país já enfrentava problemas no fornecimento de energia em razão do alto ritmo de crescimento da economia, que atingiu 9,7% no primeiro semestre.
Com o calor, a situação se agravou e as maiores cidades da costa leste do país começaram a adotar medidas de racionamento de energia.
Na semana passada, o governo de Pequim ordenou que 6.400 empresas suspendam suas atividades durante uma semana até o fim de agosto. Além disso, foi restringido o uso de ar-condicionado em áreas públicas e shoppings. Nos hotéis, os aparelhos podem ser usados, mas a temperatura não pode ser inferior a 26C.

Pé no freio
Em Xangai, o racionamento atingiu áreas turísticas, como o Bund, região dos antigos prédios europeus de onde se vê a parte nova da cidade, Pudong, do outro lado do rio. As luzes que iluminam os edifícios das duas áreas estão sendo apagadas sempre que a temperatura supera os 35C.
O risco de o país enfrentar um colapso no fornecimento de energia é uma das razões que levou o governo a adotar medidas para reduzir o ritmo de crescimento da economia no primeiro semestre do ano. Mas o primeiro-ministro, Wen Jiabao, afirmou em reunião de gabinete na quarta-feira à noite que a pressão sobre o setor energético continua a ser um problema para o país.
Segundo a agência de notícias oficial Xinhua, a atual crise energética da China é a mais séria desde os anos 80.
Estatísticas divulgadas pelo governo indicam que o consumo de energia cresceu 16% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado.
Pelo menos dois terços do país enfrenta problemas no fornecimento de eletricidade. De acordo com a avaliação oficial, deverá haver um déficit neste ano próximo de 40 mil megawatts, energia suficiente para abastecer uma cidade de 40 milhões de residências.


Texto Anterior: Alta concentração: 4 grupos dominam venda de gás de cozinha
Próximo Texto: Vizinhos em crise: Governadores de Brasil e Argentina irão tratar de disputas comerciais
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.