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Acionistas da Perdigão rejeitam oferta da Sadia
Fundos de pensão dizem que têm mais de 50% das ações e anunciam recusa
Justificativa é que valor oferecido é baixo, mas interlocutores vêem manobra para elevar oferta pelo controle da empresa
KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Perdigão recusou formalmente ontem a oferta de compra feita pela Sadia. Os motivos
da recusa foram o baixo valor
oferecido -R$ 27,88 por ação-
e o fato de a proposta não se enquadrar no estatuto da companhia. Mas, segundo a Folha
apurou junto a interlocutores
da Perdigão, as negociações entre as empresas devem continuar e têm grandes chances de
sucesso -o anúncio da perdigão seria tática para elevar a
oferta (leia texto ao lado).
A proposta da Sadia foi calculada com base no preço médio
dos últimos 30 dias da Perdigão
mais 35% de prêmio. Com base
em relatórios de banco, os acionistas querem algo na faixa de
R$ 35 por ação.
A decisão de recusar a proposta foi tomada ainda na segunda-feira pela Previ, fundo
de pensão dos funcionários do
Banco do Brasil, em reunião
com os demais acionistas do
bloco de controle -os fundos
de pensão Sistel (telefonia), Fapes (BNDES), Real Grandeza
(Furnas), Previ-Banerj (Banerj), Petros (Petrobras), Valia
(Vale do Rio Doce) e a empresa
Weg Participações, da qual a
Previ é acionista.
Juntos, eles possuem 55,38%
do capital da Perdigão. Os fundos de pensão investiram R$
198,9 milhões na compra da
Perdigão, há 11 anos. Desde lá,
receberam R$ 236,6 milhões
em dividendos.
"O estatuto prevê que quem
tem 20% das ações ou mais é
obrigado a fazer uma oferta aos
acionistas que representam os
demais 80%. A oferta pública
feita pela Sadia baseou-se nesse
artigo, mas a Sadia não tem nenhuma ação da Perdigão, portanto esse procedimento não se
aplica à Sadia", afirmou ontem
Nildemar Secches, presidente
da Perdigão.
Ele acrescentou que as razões para a recusa da proposta
se aplicam a qualquer empresa
interessada em adquirir a Perdigão nessas condições. Questionado se há a possibilidade de
a Sadia reclamar da decisão à
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), Secches disse que
ela existe, mas que tal questionamento é inútil porque a
maior parte dos acionistas já
recusou a proposta.
No domingo, a Sadia anunciou que queria comprar a concorrente, em um negócio que
poderia chegar a R$ 3,7 bilhões.
Segundo a empresa, seu objetivo era criar uma "parceria histórica" entre as duas tradicionais companhias brasileiras do
setor de proteína animal para
"competir em igualdade de
condições com concorrentes
internacionais em setor considerado estratégico para o país".
A oferta, que vai até 24 de outubro deste ano, só será válida
caso a Sadia consiga adquirir,
no mínimo, 50% das ações da
Perdigão mais uma.
Se criada, a nova empresa terá receita líquida superior a R$
12 bilhões -dos quais 50% provenientes de exportações-, 81
mil empregados e 16 mil produtores rurais integrados.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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