|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sadia diz que só recua com ordem da CVM
DA REPORTAGEM LOCAL
A Sadia só desistirá de adquirir o controle da Perdigão se a
proposta que apresentou for
considerada irregular pela
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários). A ofertante continua firme, porém, na decisão de
manter o pagamento máximo
por ação da rival em R$ 27,88.
De acordo com o diretor Finceiro e de Relações com Investidores da Sadia, Luiz Murat, a
Sadia considera que o lance feito por ela pela Perdigão é
"transparente e democrático
para 100% dos acionistas da
Perdigão; está em perfeita consonância com o mercado de capitais e, em especial, com as regras do Novo Mercado".
Em entrevista telefônica à
Folha, ele lembrou que a CVM
tornou pública a proposta na
segunda-feira logo que o mercado abriu, exatamente como
de praxe. Murat ponderou ainda que o órgão regulador "está
de olho com quatro lupas" sobre a oferta.
Ontem, a Perdigão anunciou
que a maioria dos sócios da empresa deliberou que o preço
aventado pela Sadia era baixo
(consideravam justo algo na
faixa de R$ 35) e que a oferta
descumpria exigência do estatuto da Perdigão, que prevê
oferta pública apenas em caso
de o acionista possuir 20% da
empresa.
O advogado Mauro Guizeline, responsável pela equipe do
escritório Tozzini, Freire que
assessorou a modelagem da
proposta feita pela Sadia, considerou que a interpretação dos
sócios da Perdigão é errônea.
Na avaliação dele, a regra só
vale para quem já é sócio da
Perdigão. Como a Sadia não se
enquadra nesse caso, tinha liberdade para fazer diretamente a oferta pública, sem a necessidade de comprar antes 20%
das ações da Perdigão.
"A proposta tem três finalidades claras: a aquisição do
controle, o atendimento às normas estatutárias e a saída da
Perdigão do Novo Mercado",
disse. "A oferta de aquisição de
ações tem como condição a
adesão de acionistas que representem no mínimo 50% mais
uma da totalidade das ações de
emissão da Perdigão, o que já
inclui e ultrapassa a compra de
participação acionária igual ou
superior a 20% do capital da
companhia. Por conseqüência,
a Sadia estará obrigada a estender a oferta a todos os acionistas da Perdigão", completou
Luiz Murat.
O diretor financeiro da Sadia
rechaçou ainda a afirmação de
que o valor oferecido pelos papéis da Perdigão sejam baixos.
"Nós conhecemos o mercado, o
setor, a rentabilidade da empresa e sabemos fazer contas.
Não dá para inventar múltiplos", disse. Ele ressaltou que o
valor da oferta é corrigido pelo
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e que da compra resultará uma valorização
natural da futura empresa.
Isso acabaria levando a uma
chamada de capital, permitindo aos atuais acionistas trocar
ações da atual Perdigão ou adquirir no mercado participação
na nova empresa. Quanto à crítica de que o Novo Mercado,
onde são negociadas as ações
da Perdigão, é mais transparente, o diretor da Sadia foi incisivo. "Estamos muito orgulhosos
da governança da Sadia. Todos
os membros do Conselho têm
histórico de primeira linha",
observou. "Tudo o que fizemos,
inclusive a oferta, tem nome e
sobrenome. É preciso parar de
jogar atrás do muro."
(JL)
Texto Anterior: Bastidores: Venda deve ser fechada, dizem interlocutores Próximo Texto: Órgãos de defesa da concorrência miram segmento de congelados Índice
|