São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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Sadia diz que só recua com ordem da CVM

DA REPORTAGEM LOCAL

A Sadia só desistirá de adquirir o controle da Perdigão se a proposta que apresentou for considerada irregular pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A ofertante continua firme, porém, na decisão de manter o pagamento máximo por ação da rival em R$ 27,88.
De acordo com o diretor Finceiro e de Relações com Investidores da Sadia, Luiz Murat, a Sadia considera que o lance feito por ela pela Perdigão é "transparente e democrático para 100% dos acionistas da Perdigão; está em perfeita consonância com o mercado de capitais e, em especial, com as regras do Novo Mercado".
Em entrevista telefônica à Folha, ele lembrou que a CVM tornou pública a proposta na segunda-feira logo que o mercado abriu, exatamente como de praxe. Murat ponderou ainda que o órgão regulador "está de olho com quatro lupas" sobre a oferta.
Ontem, a Perdigão anunciou que a maioria dos sócios da empresa deliberou que o preço aventado pela Sadia era baixo (consideravam justo algo na faixa de R$ 35) e que a oferta descumpria exigência do estatuto da Perdigão, que prevê oferta pública apenas em caso de o acionista possuir 20% da empresa.
O advogado Mauro Guizeline, responsável pela equipe do escritório Tozzini, Freire que assessorou a modelagem da proposta feita pela Sadia, considerou que a interpretação dos sócios da Perdigão é errônea.
Na avaliação dele, a regra só vale para quem já é sócio da Perdigão. Como a Sadia não se enquadra nesse caso, tinha liberdade para fazer diretamente a oferta pública, sem a necessidade de comprar antes 20% das ações da Perdigão.
"A proposta tem três finalidades claras: a aquisição do controle, o atendimento às normas estatutárias e a saída da Perdigão do Novo Mercado", disse. "A oferta de aquisição de ações tem como condição a adesão de acionistas que representem no mínimo 50% mais uma da totalidade das ações de emissão da Perdigão, o que já inclui e ultrapassa a compra de participação acionária igual ou superior a 20% do capital da companhia. Por conseqüência, a Sadia estará obrigada a estender a oferta a todos os acionistas da Perdigão", completou Luiz Murat.
O diretor financeiro da Sadia rechaçou ainda a afirmação de que o valor oferecido pelos papéis da Perdigão sejam baixos. "Nós conhecemos o mercado, o setor, a rentabilidade da empresa e sabemos fazer contas. Não dá para inventar múltiplos", disse. Ele ressaltou que o valor da oferta é corrigido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e que da compra resultará uma valorização natural da futura empresa.
Isso acabaria levando a uma chamada de capital, permitindo aos atuais acionistas trocar ações da atual Perdigão ou adquirir no mercado participação na nova empresa. Quanto à crítica de que o Novo Mercado, onde são negociadas as ações da Perdigão, é mais transparente, o diretor da Sadia foi incisivo. "Estamos muito orgulhosos da governança da Sadia. Todos os membros do Conselho têm histórico de primeira linha", observou. "Tudo o que fizemos, inclusive a oferta, tem nome e sobrenome. É preciso parar de jogar atrás do muro." (JL)


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