São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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Juro real segue acima dos níveis de 2004

Mesmo com a possível redução da Selic hoje, taxa que desconta a inflação ficaria acima dos 10% ao ano

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de a taxa básica Selic estar próxima de alcançar seu menor nível desde a criação do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), em 1996, os juros reais ainda seguem acima dos níveis praticados há dois anos, oscilando em torno dos dois dígitos.
Como os juros reais são a referência do setor privado na hora de tomar suas decisões de investimentos futuros, isso significa que o atual cenário é menos favorável para a expansão da economia do que o verificado em um passado recente.
Calculado com base na taxa básica Selic, e descontando dela o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) projetado para os próximos 12 meses, o juro real terminou junho a 10,64% anuais.
Se for confirmada a previsão do mercado e a Selic for reduzida hoje de 15,25% para 14,75%, a taxa real cairá a 10,58%. A última vez em que a taxa real, calculada por esse critério, ficou abaixo de 10% foi em outubro de 2004 -era de 9,97%.
Segundo previsão da Secif-RJ (Sindicato das Financeiras do Estado do Rio de Janeiro), desde que a Selic siga em queda nos próximos meses, "uma taxa de juro real abaixo dos 10% será possível no ano que vem". Para a Secif, a taxa Selic estará em 14% no fim de 2006. Quanto menor o juro real, maior a possibilidade de a economia do país crescer, sendo impulsionada pelo aumento dos investimentos dos empresários.
O efeito colateral mais temido desse ciclo é a possibilidade de pressão inflacionária, estimulada pela economia mais aquecida.
Assim, o Copom tende a ir reduzindo cada vez mais o ritmo de corte na taxa básica de juros brasileira.
Segundo o último boletim "Focus", feito semanalmente pelo Banco Central, a previsão média do mercado é de que a Selic estará em 14,25% no fim de 2006 e em 13% no fim de 2007. Ou seja, os juros estão se aproximando de seu piso.
Por um outro critério, considerando a taxa prefixada de 360 dias e a inflação projetada para os próximos 12 meses, os juros reais já conseguiram romper o patamar de 10%, chegando a 9,85% na semana passada. Isso acontece porque essa taxa prefixada está abaixo da Selic.
"Estamos novamente chegando ao ponto de juro real, entre 9% e 10% anuais, o que tradicionalmente estimula mais o debate", avalia Alexandre Póvoa, diretor responsável pela Modal Asset.

Decisão
O Copom (formado por diretores e o presidente do Banco Central) anuncia hoje como fica a nova taxa básica da economia, a Selic. O consenso dos analistas de mercado é o de que a taxa básica será reduzida em meio ponto percentual.
Se o BC, por algum motivo, decidir manter a taxa inalterada, o mercado financeiro terá uma quinta-feira de negócios bastante nervosa.


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