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Juro real segue acima dos níveis de 2004
Mesmo com a possível redução da Selic hoje, taxa que desconta a inflação ficaria acima dos 10% ao ano
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de a taxa básica Selic
estar próxima de alcançar seu
menor nível desde a criação do
Copom (Comitê de Política
Monetária do Banco Central),
em 1996, os juros reais ainda
seguem acima dos níveis praticados há dois anos, oscilando
em torno dos dois dígitos.
Como os juros reais são a referência do setor privado na
hora de tomar suas decisões de
investimentos futuros, isso significa que o atual cenário é menos favorável para a expansão
da economia do que o verificado em um passado recente.
Calculado com base na taxa
básica Selic, e descontando dela
o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) projetado
para os próximos 12 meses, o
juro real terminou junho a
10,64% anuais.
Se for confirmada a previsão
do mercado e a Selic for reduzida hoje de 15,25% para 14,75%,
a taxa real cairá a 10,58%. A última vez em que a taxa real, calculada por esse critério, ficou
abaixo de 10% foi em outubro
de 2004 -era de 9,97%.
Segundo previsão da Secif-RJ (Sindicato das Financeiras
do Estado do Rio de Janeiro),
desde que a Selic siga em queda
nos próximos meses, "uma taxa
de juro real abaixo dos 10% será
possível no ano que vem". Para
a Secif, a taxa Selic estará em
14% no fim de 2006. Quanto
menor o juro real, maior a possibilidade de a economia do
país crescer, sendo impulsionada pelo aumento dos investimentos dos empresários.
O efeito colateral mais temido desse ciclo é a possibilidade
de pressão inflacionária, estimulada pela economia mais
aquecida.
Assim, o Copom tende a ir reduzindo cada vez mais o ritmo
de corte na taxa básica de juros
brasileira.
Segundo o último boletim
"Focus", feito semanalmente
pelo Banco Central, a previsão
média do mercado é de que a
Selic estará em 14,25% no fim
de 2006 e em 13% no fim de
2007. Ou seja, os juros estão se
aproximando de seu piso.
Por um outro critério, considerando a taxa prefixada de
360 dias e a inflação projetada
para os próximos 12 meses, os
juros reais já conseguiram
romper o patamar de 10%, chegando a 9,85% na semana passada. Isso acontece porque essa
taxa prefixada está abaixo da
Selic.
"Estamos novamente chegando ao ponto de juro real, entre 9% e 10% anuais, o que tradicionalmente estimula mais o
debate", avalia Alexandre Póvoa, diretor responsável pela
Modal Asset.
Decisão
O Copom (formado por diretores e o presidente do Banco
Central) anuncia hoje como fica a nova taxa básica da economia, a Selic. O consenso dos
analistas de mercado é o de que
a taxa básica será reduzida em
meio ponto percentual.
Se o BC, por algum motivo,
decidir manter a taxa inalterada, o mercado financeiro terá
uma quinta-feira de negócios
bastante nervosa.
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