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DESEMPENHO
Pesquisa feita pelo Bic Banco com 220 empresas revela queda nas vendas e aumento dos estoques
Semestre frustra indústria e varejo
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A indústria e o comércio fecharam o primeiro semestre do ano
com a sensação de frustração nos
negócios, segundo pesquisa do
Bic Banco com 220 empresas.
As vendas caíram e as exportações não foram tão bem quanto o
previsto para o segundo trimestre. Resultado: os estoques ficaram acima do desejado.
Esperava-se que, em abril, maio
e junho, as vendas seriam retomadas, assim como as exportações.
O desemprego, previam, iria parar de crescer ou diminuir.
A idéia era que o pessimismo
gerado na economia logo após a
desvalorização do real havia sido
exagerado. O segundo trimestre
mostraria que as previsões negativas não seriam tão ruins assim.
E não foram, mas tampouco foram boas a ponto de provocar comemoração. Boa parte das empresas faturou menos do que em
igual período de 98 e exportou
menos do que previa.
Para 33,3% das empresas consultadas pelo banco, o faturamento nominal ficou abaixo ou bem
abaixo do previsto no segundo
trimestre deste ano em relação a
igual período do ano passado. Para 42,5% delas, o faturamento ficou igual e, para 24,7%, acima ou
bem acima do programado.
Pelos cálculos do Bic Banco, a
queda real do faturamento das
empresas ouvidas foi de 4,46%,
em média, no segundo trimestre
deste ano em relação a igual período de 98. No primeiro trimestre, apesar da paralisação da economia por conta da alta do dólar,
a queda foi de 3,95% em relação a
igual período do ano anterior.
"Houve uma surpresa ruim para uma boa parcela das empresas.
Imaginava-se que o segundo trimestre seria marcado pela recuperação, mas as respostas mostram que os negócios frustraram", diz Paulo Mallmann, diretor do Bic Banco.
O desemprego elevado, a queda
real dos salários e a alta inadimplência, segundo as empresas, desestimulam o consumo e, consequentemente, o ritmo de atividade das fábricas diminui.
Pelo levantamento do banco,
34,7% das empresas consultadas
terminaram o segundo trimestre
do ano com estoques acima ou
bem acima do previsto; 53%, com
estoques iguais, e 12%, com estoques abaixo ou bem abaixo.
Os setores que fecharam o trimestre com estoques mais elevadores, informa o banco, foram os
de bens de capital, bens de consumo duráveis e comércio. Na análise de Mallmann, os juros altos resultaram em queda no consumo e
recuo dos investimentos.
Esse acúmulo de estoques indesejados, especialmente nas lojas,
pode desencadear uma diminuição nos pedidos à indústria daqui
para a frente e, assim, um segundo semestre também mais fraco
do que o esperado.
"A recuperação da indústria vai
demorar um pouco mais para
ocorrer", afirma. Pelo levantamento, 25,7% das empresas reviram para baixo a programação de
compras de insumos e componentes para este trimestre; 61, 5%
não alteraram e só 12,8% reviram
para cima as compras.
Segundo o banco, com exceção
do setor de bens de consumo não-duráveis, todos os outros estão reprogramando para menos as
compras de matérias-primas para
este trimestre. Os que mais reduziram são bens de capital e agropecuário.
Pelos cálculos do banco, as empresas pesquisadas prevêem para
este ano faturamento real 2,6%
menor, em média, do que em
igual período de 98. Os setores
mais otimistas são bens de consumo não-duráveis, comércio atacadista e bens de consumo intermediários. Os mais pessimistas
são bens de capital e bens de consumo duráveis.
As demissões vão continuar.
Pelo menos 27,7% delas informaram que pretendem diminuir o
quadro de pessoal em relação a
98; 17,7% vão aumentar e 54,5%
vão manter.
Pelo levantamento do banco, os
setores que devem desempregar
são agropecuário, bens de capital
e bens intermediários. Os que devem contratar são bens de consumo não-duráveis e comércio atacadista. Para Mallmann, o fato de
um grupo de empresas desempregar e outro empregar pode até
resultar na estabilização da taxa
de desemprego neste ano.
As exportações vão deslanchar
até o final do ano, segundo a pesquisa. Das empresas que exportam -130-, 79,2% informaram
que vão aumentar as vendas externas em 99, mas 20,8% disseram que vão diminuir. Nos cálculos do banco, a estimativa é de um
aumento real de 6,2%, em média,
nas exportações.
Das empresas consultadas,
26,1% informaram que já estão
revendo para mais o crescimento
das exportações; 57,1% mantiveram as projeções e 16,8% reviram
para baixo as estimativas.
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