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SISTEMA FINANCEIRO
Instituições só lucraram mais em 99, período da desvalorização; juros influenciam desempenho
Semestre foi o 2º melhor do Real para bancos
ESTELA CAPARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro semestre deste ano
foi o segundo momento mais rentável para os bancos no Plano
Real. Analisando o mesmo período dos anos anteriores, o desempenho só foi inferior ao apresentado no primeiro semestre de
1999, um momento atípico em razão da desvalorização cambial no
Brasil.
Um estudo feito pela consultoria ABM Consulting com 20 balanços divulgados até a semana
passada mostra que o retorno
médio no primeiro semestre foi
de 22,8%. O percentual só é menor aos 23,3% do mesmo período
de 1999. A média histórica do setor é de cerca de 15%.
"Os juros altos permitiram que
os bancos tivessem os melhores
desempenhos da sua história no
Plano Real", diz Alberto Borges
Matias, especialista em bancos e
sócio da ABM Consulting. A análise foi feita a partir de junho de
1995, o primeiro ano que reflete os
efeitos do plano de estabilidade. A
amostra representa 40% do total
de ativos do sistema e inclui os
três grandes bancos brasileiros:
Bradesco, Itaú e Unibanco.
"Os bancos tiveram uma boa
rentabilidade, assim como outros
setores da economia. Os lucros
não são tão extraordinários se levarmos em consideração o tamanho dos instituições analisadas",
diz Roberto Troster, economista-chefe da Federação Brasileira das
Associações de Bancos (Febraban).
O desempenho dos bancos é,
novamente, reflexo da elevação
da turbulência no mercado de
câmbio e da consequente elevação dos juros. Juntos, os bancos
analisados conseguiram a segunda maior receita da era do real, de
R$ 39,7 bilhões. É um valor 58,4%
maior que o apresentado em junho de 1995, um ano após a implantação do real.
Ao longo dos últimos seis anos,
os juros provocaram uma mudança na composição dessa receita. Nesse período, as operações
com crédito cederam espaço para
os investimentos em títulos do
governo. Do primeiro semestre
de 1995 até o último semestre, a
participação das receitas com
operações de crédito na receita total caiu de 69,2% para 43,8%. Enquanto isso, a fatia da renda com
títulos públicos saiu dos 21,4%
para 33,8%.
Mesmo com a migração, o crédito ainda é a principal fonte de
renda dos bancos. Do total da receita, essas operações totalizaram
R$ 17,4 bilhões, 54% a mais que
no anterior.
Mesmo assim, os bancos ainda
emprestam pouco. A relação entre crédito e o Produto Interno
Bruto (PIB), o conjunto de riquezas geradas pelo país, é de 30% no
caso do Brasil. Nos Estados Unidos e na França, esses percentuais
são de 82% e 146%, respectivamente.
A segunda fonte de receita dos
bancos foi o governo. A carteira
total de títulos e valores mobiliários, composta basicamente por
títulos federais, foi a maior da história do real, de R$ 126,8 bilhões.
O valor é quatro vezes maior que
em 1995 e 21% superior à do ano
anterior. A receita com esses foi
de R$ 13,4 bilhões.
Outra grande fonte de renda
dos bancos no último semestre
foram as tarifas. As instituições tiveram a maior receita com prestação de serviços nos últimos setes
anos, de R$ 6,9 bilhões, ou 17,3%
do total das receitas. Esses serviços vêm ganhando força no negócio bancário brasileiro. A participação das tarifas na receita total
dos bancos saiu dos 8,4% em junho de 1995 para os 17,3% em junho deste ano.
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