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SALÁRIOS
Dieese diz que 79% dos acordos tiveram aumento igual ou acima da inflação
Reajustes são os melhores desde 96
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os reajustes salariais negociados no primeiro semestre deste
ano tiveram o melhor resultado
desde 1996. Levantamento nacional do Dieese mostra que 79% dos
acordos coletivos firmados de janeiro a junho deste ano tiveram
reajustes iguais ou superiores à
inflação calculada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE nos 12 meses
anteriores a cada data-base.
Dos 264 acordos analisados no
primeiro semestre deste ano, 56
(ou 21%) não conseguiram repor
a inflação. Os trabalhadores receberam reajustes acima do INPC
em 124 acordos (47%). Em 84 outros acordos -ou 32%-, os reajustes foram iguais à inflação.
Para fazer o levantamento, o
Dieese compara os reajustes com
a inflação pelo INPC porque esse
é o indicador mais usado nas negociações salariais, além de servir
de referência para reajustar o salário mínimo e as aposentadorias.
A instituição não divulga o número de trabalhadores incluídos
no estudo, mas informa que a
amostra é significativa.
No primeiro semestre de 2003,
apenas em 46% dos acordos os
trabalhadores haviam conseguido recuperar a inflação ou obter
aumento real. De acordo com o
Dieese, esse foi o pior desempenho para o período desde o Plano
Real, quando o governo encerrou
a política que garantia a reposição
automática da inflação.
"Apesar de as amostras não serem fixas [149 acordos e convenções coletivas foram analisados
de janeiro a junho de 2003, ante
264 em igual período deste ano],
pode-se dizer que esse é um dos
melhores resultados obtidos nas
negociações salariais", afirma
Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese.
Em 2000, considerado um dos
melhores anos para as negociações, 68% dos reajustes firmados
no primeiro semestre haviam sido iguais ou superiores à inflação.
Na avaliação de técnicos do
Dieese, inflação sob controle, juros menores, aumento do emprego e melhora de vários indicadores da economia -principalmente da indústria e do comércio-
foram determinantes nas negociações salariais.
"O cenário econômico foi mais
favorável, e o mercado de trabalho já melhorou. Isso facilita as
negociações entre sindicatos e
empresários porque a luta pelo
emprego dá lugar à luta pelos salários", diz Lúcio.
Para José Silvestre de Oliveira,
economista e técnico do Dieese,
"é mais fácil negociar quando a
inflação está entre 5% e 10% do
que entre 15% e 20%, como ocorreu no ano passado".
No levantamento divulgado ontem, durante o lançamento da
"Revista do Dieese" em São Paulo, a instituição informou que os
reajustes no setor industrial tiveram o melhor desempenho. Segundo os especialistas, o resultado justifica-se pelo crescimento
do setor -de 7,7% no primeiro
semestre do ano.
O estudo também aponta mudanças na forma de pagar os reajustes. No ano passado, mais de
30% foram pagos em parcelas. De
janeiro a junho deste ano, esse
percentual caiu para 9,5%.
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