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RETOMADA
Alta em julho foi de 12,8% em relação a 2003, diz IBGE; analistas já vêem expansão baseada em renda e prevêem reajustes
Comércio bate recorde com renda maior
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O comércio registrou neste ano
o primeiro semestre de expansão
contínua no volume de vendas
desde o início da Pesquisa Mensal
do Comércio do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), em janeiro de 2001. Em junho,
houve uma alta de 12,80% na
quantidade comercializada sobre
2003 -a melhor variação para
um mês desde o começo da série.
Como a base é fraca -2003 foi o
pior ano da história para vários
segmentos do varejo- há essa
tendência de alta. Além disso, a
recomposição (ainda parcial) da
perda recente na renda do trabalhador e a queda no desemprego
aumentaram a confiança do consumidor para gastar.
De janeiro a junho, as vendas
aumentaram 9,33%, na comparação com o mesmo semestre de
2003. O crescimento acumulado
nos 12 meses, até junho, foi de
3,31%. Este índice, que indica a
tendência de longo prazo do comércio, era negativo até março
deste ano -em abril, foi de 0,44%
e, em maio, de 1,87%.
No ano passado, as vendas caíram 3,67%.
Pressão na inflação
Analistas publicaram ontem relatórios com duas considerações:
1) a expansão já ocorre não apenas com base em crédito, mas em
aumento na renda; 2) esse cenário
é propício para o início de remarcações moderadas de preços.
Segundo a área de análise da
Global Invest, a expectativa de recuperação na renda e no emprego
de forma vigorosa, a partir de julho, abre espaço para reajustes.
Porém esse ainda não deve ser um
fator determinante para a decisão
da política monetária de juros.
"Será preciso ficar alerta a isso,
mas esse é ainda um medo prematuro", disse Julio de Almeida,
diretor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
O economista Nilo Macedo, da
Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, disse que os índices positivos devem-se ao fato
de 2004 estar sendo o ano mais favorável ao crescimento econômico desde o início da pesquisa.
"Em 2001 não havia um ambiente positivo. Houve o problema da crise energética [racionamento de eletricidade], que criou
um desajuste tanto no processo
produtivo quanto no consumo
das famílias. Em seguida, veio a
mudança no quadro político e a
retomada do processo inflacionário na virada de 2002 para 2003,
que também atrapalharam o crescimento", disse.
Ele ressalta que o crescimento
das vendas no segundo trimestre
deste ano, de 11,24%, foi superior
ao do primeiro trimestre, de
7,36%, o que indicaria uma consolidação desse quadro econômico mais positivo.
Continua a ser verificada uma
expansão na venda de alimentos,
que pode ser percebida nos indicadores dos supermercados e hipermercados.
Em junho, houve uma alta de
9% no volume vendido nesses
segmentos, a maior variação positiva para a série do IBGE. Em junho de 2003, a venda caiu 8,38%.
"Isso quer dizer que, na prática,
recuperamos aquela perda e voltamos para a estaca zero", disse
Almeida.
Como vem acontecendo desde
o final do ano passado, o ramo do
comércio que teve as maiores altas em junho foi móveis e eletrodomésticos.
As vendas aumentaram 36,31%
na comparação com o mesmo
mês de 2003, 29,4% no semestre e
17,5% em 12 meses.
Na análise de Macedo, houve
um distanciamento grande entre
as taxas de aumento no volume e
na receita do varejo. Isso pode ser
explicado pelo aumento nos preços dos alimentos e dos combustíveis em junho.
A Pesquisa Mensal do Comércio é feita em 26 Estados e no Distrito Federal -na região Norte,
são pesquisadas apenas as empresas das capitais.
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