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Emprego chega a fronteira agrícola
da Reportagem Local
Uma surpresa que apareceu na
pesquisa da UFRJ foi a industrialização dos Estados da região Centro-Oeste. A antiga fronteira agrícola está se tornando também
uma fronteira industrial.
O Centro-Oeste foi a única região em que todos os Estados
apresentaram crescimento na
oferta de empregos. Enquanto o
mercado de trabalho industrial
do Sudeste encolheu 30,7% o do
Centro-Oeste cresceu 46,7%
As diferenças ainda são gigantescas. Em 1997, Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal somavam 173.154
postos de trabalho na indústria.
Só a cidade de Belo Horizonte
tinha quase o mesmo número de
trabalhadores nas fábricas:
171.773.
Mesmo assim, o crescimento
dos Estados da região Centro-Oeste chama a atenção.
"Muitas cidades apresentaram
números impressionantes de
crescimento de ofertas de empregos, mas a base de comparação
inicial era fraca", diz João Saboia.
"Mas Goiânia foi uma cidade de
bom porte que apresentou um
forte crescimento no número de
empregos industriais, de 53.5%."
Existem várias explicações para
o fenômeno. A principal delas é o
enriquecimento dos Estados pela
renda da agricultura. "As empresas se instalam perto das fontes de
matérias-primas, para processar
alimentos", diz Flávio Castelo
Branco, economista da Confederação Nacional da Indústria.
Perdigão
Um bom exemplo é a cidade de
Rio Verde, em Goiás, grande produtora de milho. A Perdigão, uma
das maiores empresas brasileiras
no ramo da alimentação, quer
aproveitar a fartura e o bom preço
da ração na região para incrementar seus negócios.
A empresa está construindo em
Rio Verde sua segunda maior
unidade, num projeto que soma
investimentos de R$ 580 milhões,
sendo parte com financiamento
do BNDES e do Banco do Brasil.
"A nova filial vai faturar R$ 700
milhões por ano e gerar três mil
empregos diretos e seis mil indiretamente", diz Antonio Roberto
Marques, diretor da Perdigão.
Além disso, a empresa vai contratar 800 fazendeiros para criar aves
e porcos, que serão abatidos e
processados na nova fábrica.
Além da Perdigão, Rio Verde
ganhou uma fábrica da Gessy Lever e uma cadeia de fornecedores
de embalagens, matérias-primas
e manutenção industrial. Os aluguéis na cidade já estão subindo,
devido à chegada de novos trabalhadores.
Aumento da população
Todas as capitais da região Centro-Oeste apresentaram crescimento na oferta de empregos industriais. Outra razão para o crescimento do Centro-Oeste é que o
desenvolvimento agrícola atraiu
migrantes de todo o país.
"A população está crescendo
num ritmo maior do que a média
brasileira", diz Reinaldo Fonseca,
gestor técnico da Federação das
Indústrias de Goiás.
"Há um crescimento explosivo
de pequenas fábricas para produzir alimentos, material de construção e outros produtos básicos,
substituindo o que antes era importado de outros Estados."
Um terceiro motivo para o desenvolvimento industrial acelerado é que Estados como Goiás
também são bastante agressivos
na concessão de benefícios fiscais.
De 1984 a 1998, o programa de benefícios fiscais Fomentar atraiu
280 projetos para Goiás.
O desempenho dos Estados do
Nordeste foi variado na década de
90. Alguns Estados, como Pernambuco, sofreram um grande
encolhimento de seu mercado de
trabalho industrial. Mas outros,
como o Piauí, até cresceram ou,
como a Paraíba, perderam menos
empregos que a média nacional.
Além do Ceará, alguns Estados do
Nordeste também foram beneficiados pela migração de empresas, principalmente dos fabricantes de tecidos e de calçados.
São setores que empregam muita mão-de-obra e, por isso, aproveitam os baixos salários pagos
nos Estados do Nordeste. Contam
também com os subsídios da Sudene, que permite o abatimento
de parte do Imposto de Renda pago sobre os lucros.
A Coteminas, um dos grupos
têxteis que mais cresce no Brasil,
tem 11 fábricas. Quatro delas estão localizadas em Montes Claros,
no Norte de Minas Gerais, e as outras sete, no Rio Grande do Norte
e na Paraíba. Todas elas estão na
área da Sudene.
"Temos excelentes portos no
Nordeste e a mão-de-obra é muito boa. Além disso, podemos abater imposto de renda sobre o lucro porque atuamos em área da
Sudene", diz Josué Alencar, presidente da empresa. A Coteminas
faturou R$ 256 milhões no primeiro semestre e exporta camisetas por US$ 0,80, a unidade.
Colaborou a Agência Folha
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